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Catequistas: semeadores da esperança

Publicado em 10 de setembro de 2025 - 15:44:14

Há uma força silenciosa e transformadora na imagem do semeador da parábola que Jesus nos conta no Evangelho (Mc 4,1-9). Ele não é apenas alguém que cumpre uma tarefa agrícola, mas uma figura que carrega um sentido espiritual profundo. Jesus, ao ensinar a parábola do semeador, não estava preocupado em explicar técnicas de plantio, mas em revelar mistérios muito maiores: primeiro, que o anúncio do Reino de Deus exige fé, disponibilidade e coragem; segundo, que a Salvação é obra da graça e não da lógica humana. Por isso, ao longo dos séculos, a Igreja assumiu essa parábola como paradigma de sua missão, e cada cristão é chamado a ser esse trabalhador do Evangelho que, mesmo diante das incertezas da terra, não deixa de lançar a boa semente.

Vivemos em um tempo marcado por pragmatismo. A mentalidade que rege muitos ambientes é a da eficiência e do resultado imediato. Pergunta-se constantemente: “Vale a pena?” ou “Qual será o retorno?”. Contudo, a pedagogia de Jesus não segue essa lógica. O semeador que lança a semente em todo tipo de solo não age por descuido, mas por confiança. Confiança de que a Palavra tem poder, confiança de que os corações podem mudar, confiança de que a graça de Deus ultrapassa barreiras humanas. Essa é também a missão de cada catequista, de cada evangelizador e de cada batizado: semear sem medo, sem calcular tanto, mas com generosidade.

Ao olharmos para nossa realidade, percebemos que a Palavra encontra resistências. Há corações endurecidos, há superficialidade que se contenta com o imediato, e há espinhos que sufocam a fé com preocupações e distrações do mundo. Quantos começam a participar da comunidade e logo se afastam, quantos deixam a fé em segundo plano por causa de tantos compromissos! Porém, diante disso, não podemos desanimar. O fruto não depende somente de nós, mas também da abertura da terra, isto é, do coração que recebe. Nossa tarefa é semear.

Ser “semeadores da esperança” significa, antes de tudo, assumir que a palavra lançada é poderosa. Ela pode transformar, converter, curar e fecundar. O que nos cabe é lançá-la com generosidade e fidelidade, mesmo que os resultados não sejam imediatos. É preciso lembrar que a colheita pertence a Deus. Nós lançamos; Ele é quem faz crescer, de acordo com o tempo e a abertura de cada pessoa.

No entanto, para que o semeador cumpra sua missão, ele precisa conhecer a riqueza da semente que traz consigo. O anúncio da fé não se fundamenta em ideias próprias ou opiniões pessoais. Ele nasce da Escritura, da Tradição e do Magistério da Igreja. É nesse tripé que se garante a verdade do Evangelho, sem adaptações ou distorções. O catequista, o evangelizador, o cristão leigo ou consagrado que transmite a fé não pode se permitir ser um propagador de modismos ou invenções. A semente é a mesma de sempre: a verdade de Cristo que salva.

Porém, este primeiro olhar sobre o semeador nos conduz a uma questão decisiva: se a missão é lançar a boa semente com esperança, como preparar os corações para acolhê-la? Será que é possível transformar terrenos de pedra em terra fértil? Será que se pode mudar as condições do solo? Se a resposta for negativa, nossa missão corre o risco de se tornar estéril. Mas se tivermos a esperança de que a graça atua até nos corações mais duros, então começamos a compreender a dimensão da catequese como caminho de conversão.

A conversão é essa força que transforma terrenos inférteis em campos capazes de dar fruto. É processo, é caminhada, é tempo de paciência e acompanhamento. O catequista é chamado não apenas a instruir, mas a permanecer ao lado, a caminhar junto, a ajudar na transformação lenta que o Espírito vai realizando. Essa consciência impede o desânimo e fortalece a esperança de que a Palavra encontrará sempre onde germinar.

Portanto, ser semeador da esperança significa abraçar a missão sempre e em todo lugar, mesmo quando as condições parecem desfavoráveis. Nossa confiança deve estar em Deus, que é o Senhor da colheita. Semeando generosamente, sabemos que o tempo trará frutos.

No próximo artigo, refletiremos sobre o processo de conversão: como a catequese se torna caminho de transformação, como é possível que terrenos duros se tornem férteis e como, pela fidelidade do catequista, a Palavra pode gerar vida nova.

Dom Devair Araújo da Fonseca
Bispo de Piracicaba

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