Em muitas profissões, um juramento é exigido como um padrão de responsabilidade assumida perante a sociedade. Médicos prometem cuidar da vida com zelo e humanidade; advogados se comprometem com a justiça e o direito; engenheiros juram construir com segurança e integridade. Esses compromissos são públicos e solenes, pois envolvem não apenas um saber técnico, mas uma ética que sustenta o exercício diário da profissão. No entanto, ao olhar para a realidade, surge uma pergunta: os profissionais respeitam seu juramento ético?
A fé cristã também possui seu juramento: a profissão de fé, ou oração do Creio. Desde os primeiros séculos, aqueles que aderiam ao Evangelho faziam uma confissão pública de sua fé no Deus uno e trino, em Jesus Cristo, na Igreja e na vida eterna. Esse “Credo” não é uma fórmula qualquer, mas sim uma síntese do cerne da fé cristã. Ele nasceu no seio da Igreja como resposta às heresias, como sinal de comunhão e como fundamento da vida nova de quem foi batizado.
O “Creio” que rezamos na liturgia é um resumo aprovado da fé da Igreja. Ao pronunciá-lo, nos colocamos em comunhão com os apóstolos, mártires, santos e com gerações de fiéis que o proclamaram ao longo dos séculos. É mais do que uma mera repetição ritual; é a expressão daquilo que acreditamos, amamos e desejamos viver. A profissão de fé nos recorda que a fé é um dom, mas também uma responsabilidade ética e moral.
Os apóstolos Pedro e Paulo são testemunhas de que a profissão de fé é mais do que um mero conjunto de palavras: é uma entrega de vida. Pedro, depois de negar Jesus, reencontrou sua missão no amor, buscou perdão e foi até o martírio por causa de Jesus, a quem ele chamou de “Messias, Filho do Deus vivo”. Paulo, ao fim da vida, não relatou seus feitos, mas escreveu que combateu o bom combate e guardou a fé. Ambos não apenas professaram com os lábios, mas responderam com a vida inteira ao chamado de Cristo.
É diante desses testemunhos que ressoa de modo renovado a pergunta de Jesus aos discípulos: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Mt 16,15). Essa não é apenas uma questão teológica ou litúrgica; é uma pergunta existencial, dirigida ao coração de cada cristão, todos os dias. Professar a fé é assumir, diante do mundo, um compromisso que vai além de qualquer juramento profissional. A profissão de fé nos compromete com a vida eterna. Não se trata apenas de palavras, mas sim de coerência de vida. Por isso, uma pergunta final deve nos inquietar: vivemos a fé que professamos?