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A importância do canto litúrgico sacro em nossas comunidades

Publicado em 16 de abril de 2025 - 14:59:45

Há uma frase que me impacta muito e exprime a profundidade e o significado do canto nas comunidades: “Na celebração do culto da Igreja, a proposta não é fazer música, mas entrar, por meio da arte musical, no mistério da salvação” (Gelineau, p.175). Ela nos permite em poucas palavras entender o que significa a importância do canto litúrgico. A música tem sempre uma finalidade na liturgia, por isso não cai bem o sistema “NHS” (na hora sai) no momento das Missas, é preciso haver uma preparação, isto porque o canto constitui-se uma função teológica e ministerial, como diz o Concílio Vaticano II: “Jesus Cristo, sumo sacerdote da nova e eterna Aliança, ao assumir a natureza humana, trouxe a este exílio da terra aquele hino que se canta por toda a eternidade na celeste mansão.” (SC, 83). Este hino é nossa vida correspondida ao chamado de Deus à santidade vivida e celebrada no culto eucarístico. Observamos então, que não dá para cantar qualquer música na ação litúrgica, porque ela nos deve fazer entrar no mistério da salvação.

Encontra-se na liturgia uma dimensão da Aliança que Deus faz com seu povo – estamos falando aqui da história da salvação – Deus, que desde o início da criação faz Aliança com seu povo por meio de cerimônias (rituais), talvez o mais conhecido por nós é a Aliança no Sinai, relatado em Êxodo 19,20-23 que é celebrado em Êxodo 15,1-18 e que Moisés ensina um cântico ao povo para lembrar desta Aliança em Deuteronômio 32, relembrado também nos Salmos 78(79) e 106(107).    “O povo de Deus, escapando do Mar Vermelho por milagre do poder divino, cantou a Deus um cântico de vitória” (MSD, 3). Também a esta lembrança celebrada os judeus têm um nome, páscoa, que nós cristãos também celebramos em caráter cristocêntrico. Mas o que isto tem a ver com nosso tema? Tudo! Porque o canto na liturgia deve-se configurar como canto da Palavra, pois, a liturgia é a História da Salvação posta em ato, visto que “[...] como o povo da primeira Aliança, escolhido por Deus para ser um sinal entre as nações [...] a Igreja quer se apresentar ao mundo como portadora do Evangelho, como medianeira de santidade e como representante soberana da nova criação” (Gelineau, p.25), uma vez que em Cristo se faz nova todas as coisas (Ap 21,5).

A liturgia, então, é compreendida como o Deus que vem ao encontro do homem e o homem que responde a este Deus, é uma constante comunicação entre Deus e o ser humano. Desta forma, conseguimos compreender melhor os gestos, sinais, roupas, ambiente, palavras e o canto que compõem toda a ação litúrgica, como reflete o cardeal Ratzinger: “a resposta do ser humano a um Deus que é bom com ele chama-se ‘amor’, e amar a Deus significa adorá-lo” (Ratzinger, p.23). Portanto, já podemos perceber que a música não é simplesmente um “tampa espaço”, ou um “tapa buraco” na celebração ritual, mas tem sua finalidade e riqueza no amor a Deus, um serviço ministerial de doação (SC 112).

Com isso, o nosso cantar necessita de ser o cantar a Palavra e não outra coisa, porque assim fizeram nossos antepassados e até mesmo Jesus, quando “[...] frequentava a sinagoga como era seu costume (cf. Lc 4,16) e ali participava do canto dos salmos. Na última Ceia cantou os hinos do rito pascal (cf. Mt 26,330)” (Martín, p.189). A comunidade apostólica também herda este costume de cantar a Palavra relatando-nos Paulo: “Sede cheios do Espírito Santo, recitando entre vós salmos e hinos e cânticos espirituais” (Ef 5,18s; Cl 3,16). Portanto não podemos cantar qualquer música e esquecer esta preciosidade de nossa fé, pois o canto litúrgico toma característica de sagrado, porque é mistério revelado a nós ao longo da história da salvação e que hoje se apresenta a nós na Eucaristia tal qual como celebramos. Vejam como é sério o ministério do músico na liturgia, por isso os cantos da Missa devem ser da Missa e não de outros momentos oracionais. O canto litúrgico é litúrgico e precisa ser litúrgico para que seja manifestada esta comunicação de Deus que se realizou desde toda a história da salvação. Os cantos cristãos não podem ser rejeitados, mas é preciso compreender que para o culto santo tem sua própria música – que por este motivo é chamada de sacra – porque assume a superioridade máxima do louvor do cristão católico por meio da Palavra e da fé.

Assim sendo, cada celebração em que participamos diz o que ela quer ser cantada, através das leituras, salmos e o espírito da liturgia. Seguir a liturgia é deixar o próprio Deus se comunicar conosco através da dinâmica dos ritos, e assim, também nós, proporcionarmos toda a assembleia a elevar um sacrifício de louvor (Hb 13,15-16) e como “raça eleita, um sacerdócio real, uma nação santa” (1Pd 2,9) cantar como povo de reis.

David Willian Gomes da Costa
Seminarista estudante do 5º período de Teologia e pós-graduando em Música Sacra

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