Essas palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo, proferidas no auge de Sua Paixão e proclamadas no último “Domingo de Ramos” deste 2025, ecoam através dos séculos como um convite à misericórdia e ao perdão, especialmente diante das incompreensões e perseguições que, por vezes, surgem até mesmo dentro da nossa própria comunidade de fé. Esse é o ponto que gostaria de abordar nestas linhas, pois, recentemente testemunhamos uma situação que nos convida a refletir em profundidade sobre essa exortação evangélica.
Frei Gilson da Silva Pupo Azevedo, ou simplesmente Frei Gilson, é um dos sacerdotes da Congregação dos Carmelitas Mensageiros do Espírito Santo (CMES) que tem promovido, durante a Quaresma, a reza do Santo Rosário por volta das 4 horas da madrugada, reunindo diariamente e ao vivo mais de um milhão de pessoas por meio de transmissões em TV’s e plataformas digitais, fora os outros milhões que no decorrer de cada dia acompanham em streaming esse momento.
Esse revolucionário movimento de oração, inspirado e iniciado durante a pandemia de Covid-19, sempre visou aprofundar a espiritualidade quaresmal pela meditação dos mistérios da vida de Jesus e de Maria Santíssima, mas tem sido alvo de críticas e questionamentos. Se partissem de protestantes ou ateus, nenhuma surpresa, porém espanta que parcela dessas críticas são oriundas de alguns membros “destacados” de nossa Mãe Igreja...
As críticas dirigidas a Frei Gilson partem de setores ditos “progressistas” de nossa Igreja que não aceitam os impactos positivos e concretos que beneficiam os seguidores, ouvintes e telespectadores do “Santo Rosário da Madrugada”. Uma delas, realizada por um sacerdote gaúcho, pôs em dúvida a destinação dos valores arrecadados, “exigindo” uma prestação de contas do Frei, afora sugerir um certo anacronismo dessa maravilhosa devoção mariana; outras, de um sempre exaltado padre da Arquidiocese de São Paulo, vociferava ataques ao Frei durante uma Missa, ora sobre o aspecto oracional em si (dando a entender ser um absurdo rezar durante a madrugada); ora afirmando desatinos como “de que vale rezar às 4 da manhã e depois, às 6, sair de casa e chutar um morador de rua?”, sem informar um único caso de “agressão” que fosse; ora bravateando ao dizer que “também iria reunir 1 milhão de pessoas”...
Além de sua função primordialmente evangelizadora e que segue transformando a vida de inúmeras pessoas no Brasil e mundo afora, a iniciativa de Frei Gilson todos os anos tem contribuído com significativas ações sociais, inexistindo qualquer suspeita de favorecimentos pessoais, exceto a capciosa referência do frade gaúcho. Anos passados, por exemplo, foram destinados valores para a construção de casas “ecológicas” na cidade Rahamin, uma obra da Comunidade Aliança de Misericórdia em Salto/SP, na qual são acolhidos de graça pessoas em situações de vulnerabilidade social (“rua” e/ou drogadição); e para o “Instituto Padre Pio”, da Comunidade Canção Nova, voltado à prestação gratuita de serviços médicos à população mais necessitada.
Durante as transmissões, Frei Gilson reza pela Igreja em geral e pelo Santo Padre, o Papa Francisco, em particular, mormente para sua convalescença, demonstrando total fidelidade e comunhão com o Magistério e a Hierarquia eclesiais, a ponto de vários Bispos alternarem presença nas madrugadas de oração. Sua iniciativa não busca protagonismo pessoal, tampouco sugere aspirações políticas, mas sim fomentar a oração comunitária e a vivência da fé, especialmente em um tempo litúrgico tão significativo como o da Quaresma, aproveitando para socorrer obras de caridade.
É profundamente lamentável que, em vez de reconhecer e apoiar tais iniciativas de evangelização e caridade, realizadas num notório sacrifício da própria saúde física, esses membros da Igreja optem por lançar críticas que carecem de fundamento, quando não embebidas numa indiscreta inveja... Necessário, portanto, pedir ao Bom Deus:
Que possamos, inspirados pelo exemplo de Cristo e pela dedicação de Frei Gilson, cultivar a misericórdia, o perdão e o apoio mútuos dentro da comunidade eclesial. Em tempos desafiadores, é essencial que nos unamos em oração e solidariedade, reconhecendo e valorizando os esforços daqueles que, com zelo, amor e sacrifício pessoal, dedicam-se à árdua missão evangelizadora da Igreja.
Que a Mãe da Igreja, sob o patrocínio de Nossa Senhora de Guadalupe, tão cara a Frei Gilson, interceda por seus “filhos prediletos”, os sacerdotes, fortalecendo-os na fé, na esperança e na caridade, em particular àqueles que “sabem o que fazem!”
Santa Páscoa a todos!
Rogério Sartori Astolphi
Juiz de Direito