A pergunta sobre a vida pós-morte sempre fez parte da existência humana como, também, as questões referentes a questões práticas como a cremação e o sepultamento dos fiéis defuntos. De origem judaico-cristã, a Igreja sempre defendeu o sepultamento como destino dos seus fieis após a morte. Os cristãos primitivos procuravam sepultar seus mortos num mesmo lugar, espaço que recebeu nome de cemitério, cujo significado é dormitório.
Estudiosos revelam que a prática da cremação surgiu da necessidade de trazer de volta os soldados mortos para receberem sepultura em sua pátria, como ocorria entre os gregos; ou por convicções religiosas, como entre os escandinavos, que acreditavam assim libertar o espírito de seu invólucro carnal e evitar que o morto pudesse causar algum mal aos vivos.
Doutor em escatologia e bispo da diocese de Santa Maria (RS), dom Leomar Antônio Brustolin, explica que “a Igreja Católica sempre fez opção pela inumação, ou seja, o sepultamento do corpo para que os fiéis possam fazer a experiência de Jesus de permanecer três dia na sepultura”
Dom Brustolin explica que a Igreja, por sua vez, tem uma orientação bastante insistente de que as cinzas não sejam espalhadas em qualquer parte, mas sejam colocadas num lugar para memória e para oração, com o intuito de recuperação da história daquela pessoa que morreu.
Cremação como uma solução cabível
Em um contexto contemporâneo de inchaço dos centros urbanos onde se torna mais desafiador encontrar espaços para o sepultamento dos corpos humanos, a Igreja Católica entende que a cremação é uma solução cabível. A justificativa, segundo dom Leomar, é que “o fogo não pode destruir a relação com Cristo construída durante a vida”.
O bispo auxiliar de Porto Alegre (RS), dom Adilson Pedro Busin, ressalta que cinzas dos entes queridos não devem ser jogadas em qualquer lugar, mesmo junto à natureza, prática que aponta para uma orientação panteísta.
A Igreja quer que os defuntos sejam sepultados, os ossos ou as cinzas seja guardados, em primeiro lugar, como respeito ao ente querido e pela dimensão da fé que assegura a existência de uma Igreja que peregrina neste mundo, a Igreja dos santos, e daqueles que partiram desta vida para a ressurreição.
Neste sentido, a Igreja Católica propõe a construção, nas paróquias, dos Columbários, espaços religiosos, fundamentados na Instrução Ad Resurgendum cum Christo, referentes à sepultura dos defuntos e à conservação das cinzas em caso de cremação.
“A ideia de que as paróquias tenham seus columbários é para que continuemos tendo o nosso lugar onde encontrar os restos dos nossos entes queridos, como lugar onde vou viver minha saudade, um lugar de fé e oração”, enfatiza dom Adilson.
O sentido dos Columbários paroquiais
A empresa Coral, inovação em columbários, de Barcelona (Espanha), apresentou durante a 59ª Assembleia Geral da CNBB a proposta da implantação nas dioceses e paróquias de columbários.
“Adaptamo-nos à transformação do setor funerário, oferecendo soluções às necessidades das famílias católicas que, cada vez mais, optam pela incineração. As missas de exéquias são celebradas com a urna presente e a bênção das cinzas do defunto para a sua posterior introdução no columbário da paróquia”, explicam o representante da empresa com stand na 59ª AG CNBB, Fernando Millas.
Columbário, vem de “columba”, substantivo feminino para designar a espécie de aves de rapina, as pombas, o que significa “pombal”. No contexto religioso, os columbários são espaços climatizados, com assentos confortáveis, em cujas paredes se encontram as urnas onde estão depositadas devidamente as cinzas do fiel defunto e que dão a oportunidade para que as pessoas possam prestar, no local, suas homenagens, rezar e fazer memória dos seus mortos. Sua estrutura é semelhante à de cemitérios verticais, comuns nos Estados Unidos, Europa, Japão e em alguns estados do Brasil, que ao invés dos ossários apostam na ideia do columbário para as cinzas do cadáver.
Texto: Irmã Rosa Maria
Foto: Luiz Lopes – Ascom 59ª AG CNBB