A Igreja celebra nesta terça-feira, 25 de janeiro, a Festa da Conversão de São Paulo. Aquele que perseguia os cristãos tornou-se, pela graça de Deus, o Apóstolo dos Gentios, sinal de missionariedade para a Igreja. Ao celebrar esta data na liturgia, o pedido é que cada cristão siga seus exemplos e seja, “no mundo, testemunhas do Evangelho”.
“Ó Deus, que instruístes o mundo inteiro pela pregação do apóstolo são Paulo, dai-nos, ao celebrar hoje a sua conversão, caminhar para vós seguindo seus exemplos e ser, no mundo, testemunhas do Evangelho”, lê-se na oração do dia.
O Evangelho também apresenta um trecho com o mandato missionário feito por Jesus. De Marcos 16, 15-18, o envio feito pelo Senhor:
“Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura!
16Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado.
17Os sinais que acompanharão aqueles que crerem serão estes:
expulsarão demônios em meu nome, falarão novas línguas;
18se pegarem em serpentes ou beberem algum veneno mortal
não lhes fará mal algum; quando impuserem as mãos sobre os doentes,
eles ficarão curados”.
História e conversão de São Paulo
A Igreja reserva uma data específica para celebrar a conversão de São Paulo, cuja solenidade litúrgica ocorre junto com São Pedro, em 29 de junho (no domingo seguinte, aqui no Brasil). Nesta data, também é celebrada a fundação da cidade de São Paulo (confira trechos da reflexão do cardeal Odilo Scherer abaixo).
Saulo, seu nome original, nasceu no ano 10 na cidade de Tarso, na Cilícia, atual Turquia. À época era um polo de desenvolvimento financeiro e comercial, um populoso centro de cultura e diversões mundanas, pouco comum nas províncias romanas do Oriente. Seu pai Eliasar era fariseu e judeu descendente da tribo de Benjamim, e, também, um homem forte, instruído, tecelão, comerciante e legionário do imperador Augusto. Pelo mérito de seus serviços, recebeu o título de Cidadão Romano, que por tradição era legado aos filhos. Sua mãe uma dona de casa muito ocupada com a formação e educação do filho. Portanto, Saulo era um cidadão romano, fariseu de linhagem nobre, bem situado financeiramente, religioso, inteligente, estudioso e culto.
Aos quinze anos foi para Jerusalém dar continuidade aos estudos de latim, grego e hebraico, na conhecida Escola de Gamaliel, onde recebia séria educação religiosa fundamentada na doutrina dos fariseus, pois seus pais o queriam um grande Rabi, no futuro. Parece que era mesmo esse o anseio daquele jovem baixo, magro, de nariz aquilino, feições morenas de olhos negros, vivos e expressivos. Saulo já nessa idade se destacava pela oratória fluente e cativante marcada pela voz forte e agradável, ganhando as atenções dos colegas e não passando despercebido ao exigente professor Gamaliel.
Saulo era totalmente contrário ao cristianismo, combatia-o ferozmente, por isso tinha muitos adversários. Foi com ele que Estêvão travou acirrado debate no templo judeu, chamado Sinédrio. Ele tanto clamou contra Estevão que este acabou apedrejado e morto, iniciando-se então uma incansável perseguição aos cristãos, com Saulo à frente com total apoio dos sacerdotes do Sinédrio.
Um dia, às portas da cidade de Damasco, uma luz, descrita nas Sagradas Escrituras como “mais forte e mais brilhante que a luz do Sol”, desceu dos céus, assustando o cavalo e lançando ao chão Saulo , ao mesmo tempo em que ouviu a voz de Jesus pedindo para que parasse de persegui-Lo e aos seus e, ao contrário, se juntasse aos apóstolos que pregavam as revelações de Sua vinda à Terra. Os acompanhantes que também tudo ouviram, mas não viram quem falava, quando a luz desapareceu ajudaram Saulo a levantar pois não conseguia mais enxergar.
Saulo foi levado pela mão até a cidade de Damasco, onde recebeu outra “visita” de Jesus que lhe disse que nessa cidade deveria ficar alguns dias pois receberia uma revelação importante. A experiência o transformou profundamente e ele permaneceu em Damasco por três dias sem enxergar, e à seu pedido também sem comer e sem beber. Depois Saulo teve uma visão com Ananias, um velho e respeitado cristão da cidade, na qual ele o curava. Enquanto no mesmo instante Ananias tinha a mesma visão em sua casa. Compreendendo sua missão, o velho cristão foi ao seu encontro colocando as mãos sobre sua cabeça fez Saulo voltar a enxergar, curando-o. A conversão se deu no mesmo instante, pois ele pediu para ser Batizado por Ananias.
De Damasco saiu a pregar a Palavra de Deus, já com o nome de Paulo, como lhe ordenara Jesus, tornando-se Seu grande apóstolo. Sua conversão chamou a atenção de vários círculos de cidadãos importantes e Paulo passou a viajar pelo mundo, evangelizando e realizando centenas de conversões.
Perseguido incansavelmente, foi preso várias vezes e sofreu muito, sendo martirizado no ano 67, em Roma. Suas relíquias se encontram na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, na Itália. O Senhor fez de Paulo seu grande apóstolo, o apóstolo dos gentios, isto é, o evangelizador dos pagãos. Ele escreveu 14 cartas, expondo a mensagem de Jesus, que se transformaram numa verdadeira “Teologia do Novo Testamento”. Também é o patrono das Congregações Paulinas que continuam a sua obra de apóstolo, levando a mensagem do Cristianismo a todas as partes do mundo, através dos meios de comunicação.
Padroeiro da cidade e da arquidiocese de São Paulo (SP)
O arcebispo de São Paulo (SP), cardeal Odilo Pedro Scherer, recordou em artigo publicado há alguns dias a data celebrada hoje. “Nós nos alegramos por ter nele um exemplo que inspira nossa ação eclesial e evangelizadora nesta metrópole”, afirmou referindo-se ao Santo Apóstolo cuja conversão é comemorada pela Igreja. Neste dia, é celebrada também a fundação da cidade de São Paulo, em 25 de janeiro de 1554. “A data está relacionada com a celebração da primeira missa festiva na missão ‘São Paulo Apóstolo’, dos Jesuítas, justamente na festa litúrgica da Conversão de São Paulo”, contou dom Odilo.
“É importante lembrar que nossa ‘cidade imensa’ nasceu de uma missa e do anúncio do Evangelho ‘entre as nações’. Anúncio da Palavra de Deus, Liturgia e promoção humana, nas mais diversas formas, estiveram unidos desde o princípio da Igreja em São Paulo. Isso mantém toda a sua atualidade ainda hoje”, ressaltou o arcebispo.
Em seu artigo – São Paulo e a verdadeira Igreja – o cardeal reflete sobre os escritos de são Paulo sobre a Igreja e a evolução que se seguiu especialmente na Doutrina sobre a Santíssima Trindade. Dom Odilo busca “afirmar a verdade sobre a Igreja e seus fundamentos irrenunciáveis” a partir da atuação apostólica do padroeiro da arquidiocese.
São Paulo tinha clara compreensão de que a Igreja era a comunidade das pessoas, que haviam aceitado o Evangelho e aderido à vida nova, em conformidade com o Espírito Santo. Por isso, ele bate com frequência nessa tecla: quem é membro da Igreja deve acolher com alegria o dom da fé, recebido de Deus, viver em conformidade com o Evangelho e ser testemunha fiel de Jesus Cristo. Ao mesmo tempo, viver sintonizado com o Espírito Santo, fazendo frutificar os dons recebidos do mesmo Espírito Santo.
Texto: CNBB, com informações de Católico Orante
Foto: Luis Ángel Espinosa / Cathopic