Caros Presbíteros,
Caros Diáconos, Seminaristas, Religiosos e Religiosas,
Caríssimo Dom Aloísio, Bispo Emérito de Jataí, Goiás,
Querido Povo santo de Deus
Queridos representantes das comunidades paroquiais que vieram receber os santos óleos em nome de vossas Paróquias.
Caros Padres, este momento litúrgico é dedicado particularmente a vocês. Como de costume nos reunimos ao redor do Bispo para celebrar em unidade e comunhão aquela vocação que se tornou fator determinante da nossa vida.
Esta celebração quer que recordemos, isto é, recoloquemos no coração, a afeição, o atingimento, o encantamento originário de nossa identidade, tornando-nos sempre mais responsáveis do que eu fui, do que eu sou e do que eu serei.
A primeira leitura afirma: Vós sois os sacerdotes do Senhor, chamados ministros de nosso Deus. Eu os recompensarei por suas obras segundo a verdade.
Mas afinal, qual é a nossa identidade de sacerdotes-presbíteros? É uma pergunta que sempre de novo devemos nos colocar, para sempre de novo darmos uma resposta mais profunda e radical.
A esta pergunta podemos responder assim: A identidade originária do Sacerdote-Presbítero consiste em querer de todo o coração, livre, gratuita e cordialmente, crescer, florescer, frutificar e consumar-se na realização do Encontro com JC, o Bom Pastor, sendo discípulo dele pelo Seguimento. E a partir deste fundamento, acolher como privilégio singular a convocação que recebemos de participar da "paixão pastoral, e, portanto, do "múnus pastoral" de Jesus Cristo, recebendo para isso habilitação sacramental e pública, pelo sacramento da Ordem.
É bem grande e digna nossa vocação. Há quem gaste a vida em tantos empenhos, por vezes nobres e dignos do viver humano, mas participar da missão de Nosso Senhor e em nome dele sermos pastores do Povo de Deus, encerra uma nobreza e uma grandeza que surpreendem antes de tudo a nós mesmos.
É, portanto, a convocação do Bom Pastor que nos reúne aqui, hoje, como Presbitério. É de competência do Presbitério e dos Presbíteros, cooperadores da Ordem Episcopal, edificar a Igreja pela evangelização que se torna ação pastoral. Na edificação da Igreja compete aos Presbíteros e ao Presbitério a coordenação dos carismas de todos, fazendo florescer no povo de Deus os mais variados ministérios: a catequese, a animação litúrgica, a educação dos jovens, a pastoral social como a dimensão caritativa da nossa ação pastoral, o atendimento aos doentes em suas casas ou nos hospitais, a pastoral familiar, a pastoral vocacional...
Esta coordenação só é possível se houver uma forte espiritualidade de comunhão com o Bispo, entre presbíteros e com os fiéis leigos, estimulados (mais ainda neste ano dedicado a eles) a tomarem consciência da sua própria e ativa responsabilidade na vida eclesial.
Termos espiritualidade de comunhão e habilidade na edificação da comunhão eclesial, isso não nos é dado de antemão, de graça. Ela é graça sacramental, sim, mas é e deve ser, ao mesmo tempo, nossa conquista. No fenômeno do espírito todo é conquista, e a conquista só acontece se sempre de novo nos determinamos a ela.
Como um bom profissional melhora sua produção, nós presbíteros devemos corrigir nossos defeitos, descobrir as qualidades ainda desconhecidas e melhorar as que já conhecemos, fermentando-as com o Seguimento de Jesus Cristo.
A partir da experiência da fé é interessante ter uma visão um pouco diferente daquela que nos é mais familiar, que vem a ciência moderna que vê, como única explicação, o universo sendo astros, estrelas, átomos, etc.
A fé cristã encara a vida dentro de um grande todo; acredita numa força maior, a que chamamos de Deus, força que preenche o universo, força feita Deus-conosco em Jesus Cristo. O presbítero vive nesse mundo não como qualquer um, mas como alguém que conta com esta força. Nosso viver presbiteral se caracteriza pelo fato de estar disposto, decidido, engajado na busca daquela maneira de sentir, ver e atuar que foi de Jesus Cristo e que Jesus Cristo aprendeu de Deus Pai, maneira de sentir que é de todos aqueles que lhe pertencem pelo Seguimento.
Imagine um vigor originário, uma energia enorme: Deus. Esse Deus é uma bondade infinita, uma bondade que continuamente doa energia vital. Esse redemoinho de vida saindo de Deus é Deus fluindo e criando o universo. Então todo o universo, desde as pedras inanimadas, os vegetais, os animais, os homens, até o espírito mais sublime, tudo está pulsando dessa força de Deus; tudo é essa força de Deus tomando corpo, é Deus continuamente sustentando sua criação. O Ev. de S. João, 5,17, afirma: Meu Pai trabalha sempre, e eu também trabalho. Então todas as coisas no fundo estão vivas, não no sentido biológico, mas "vivas de Deus", pulsando na bondade de Deus criador.
Consequentemente, tudo que existe ao nosso redor é nosso irmão, porque todos pulsamos na mesma força de Deus; jamais alguém está só, pois pertence a todo esse universo. O corpo, a inteligência, o sentimento e vontade, próprios do ser humano, tudo afinal está pulsando nessa força universal e quando tudo isso se desenvolve no seu próprium, fica "bom". O ponto mais alto desse processo de ficar "bom" se concretiza quando uma pessoa fica santa. Santa é uma pessoa disponível para Deus, permeada de Deus. Pela "santidade" esta força aumenta cada vez mais sua presença no mundo; e onde essa pessoa está e atua, nele, ao redor dele, por ele, falando com os outros, pregando... aparece cada vez mais esta força insondável, inesgotável que é de Deus. Assim, quem trabalha a si mesmo crescendo em virtudes e corrigindo vícios, e na medida em que alguém faz isso, faz aparecer Deus neste mundo.
Essa é a missão da pessoa que se decidiu ser presbítero, pois decidiu a se limar, se trabalhar para fazer aparecer essa força, por exemplo, na sua fala; não precisa falar muita coisa religiosa, mas pelo fato de se deixar fluir em Deus e se preencher dele, tudo que ela fala, tudo que sente, diz e opera, é a presença de Deus. Desse jeito o homem cria sensibilidade e disposição para ver nas plantas, nas coisas, nas pessoas, para ver na economia, na política, momentos que se solidarizam ou "resistem" a esta força.
O homem cristão experimenta dentro de si que Deus está presente em todas as coisas, principalmente nele próprio; experimenta também que só nele há "resistência" ou até "rejeição" desta força. Por outro lado, quem a acolhe se torna em toda a parte seu arauto, seu mensageiro e seu pastor.
Consequentemente quem se desliga desta força originária, fica pequeno, mesquinho e endurecido, perde o ânimo presbiteral e se entrega a lei do "mínimo esforço" pastoral; e em vez de fluir na felicidade de sua pertença maior, se "desgraça", isto é, perde a graça, num modo de ser frustrado, ressentido, cheio de frescuras, quando não de maldades, sem habilidade e capacidade real de viver sua identidade presbiteral.
O ritual desta celebração, caros Presbíteros, nos propõe a renovação das promessas que fizemos no dia de nossa Ordenação Presbiteral, isto é, nos propõe um renovado empenho de conquista da sempre mais plena comunhão com esta força geradora e criadora que é Deus, por Jesus Cristo, no Espírito que está sobre nós. É oportunidade de crescimento na nossa experiência primordial de sermos os participantes do pastoreio do Bom Pastor Jesus.
O 2º momento desta nossa celebração se refere à benção dos santos óleos. Estes óleos são santos, cada um em sua diferença, porque o Espírito do Senhor está sobre nós, hoje. Eles são usados em diversos momentos de nossa ação pastoral, os momentos privilegiados de evangelização que alcançam a intensidade sacramental.
Eles nos lembram que toda ação pastoral e de evangelização não tem fundamento em nossa subjetividade, mas na grande comunhão de Igrejas que é a Igreja Católica que somos, realidade anterior a nós e a quem servimos, pois ela é o modo concreto de se apresentar a nós o Reino de Deus.
Estaremos ainda vivendo o primeiro momento das comemorações do jubileu de nossa Diocese, com a oficialização do hino e do logo vencedores do concurso promovido pela comissão organizadora deste evento. Parabéns para quem ganhou e obrigado a todos aqueles que participaram. Que estas comemorações sejam oportunidade de renovado amor para a nossa Diocese e renovado empenho na sua missão que é e evangelizar.
Dom Fernando Mason
Bispo Diocesano de Piracicaba