Com o tema: “Deus vive na cidade: A Igreja em saída para comunicá-Lo”, a terceira edição do Seminário de Comunicação Social, promovido pela Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, foi realizada de 13 a 16 de setembro no Centro de Estudos e Formação do Sumaré. O encontro contou com participação de aproximadamente 100 pessoas e a Diocese de Piracicaba esteve representada pela jornalista e assessora de comunicação, Rosiley Lourenço, pelo padre Anselmo Cardoso Martiniano, que atualmente estuda Teologia da Comunicação, em Roma e pelo leigo membro da Pascom Diocesana, Rafael Augusto Costalonga.
De acordo com padre Arnaldo Rodrigues, um dos organizadores do evento, o seminário tem o objetivo de ajudar os assessores de comunicação – padres e leigos – a comunicar cada vez mais e melhor a imagem da Igreja. “Nosso objetivo é refletir como a Igreja pode se relacionar e dialogar com a sociedade, como pode se comunicar com os jornalistas, como os membros da Igreja podem ajudar os jornalistas a buscar a verdade e cumprir nosso papel enquanto Igreja de ajudar e facilitar o máximo possível àqueles que trabalham com comunicação”, disse o sacerdote e estudante de comunicação social, em Roma.
Conferencistas
Com uma abordagem objetiva e pontual, o encontro contou com a presença de mais de cem participantes de todas as regiões do Brasil. Os temas foram apresentados por conferencistas internacionais e nacionais, como monsenhor Dario Viganò, prefeito da Secretaria para a Comunicação da Santa Sé, que também é diretor do Centro Televisivo do Vaticano (CTV) e professor de teologia da comunicação na Lateranense; o padre Jose Maria La Porte – decano da Faculdade de Comunicação Institucional da Universidade Santa Croce, professor de fundamento da comunicação institucional e Doutrina da Igreja sobre Comunicação; e Maylla Miranda, do Grupo CBYK e Google Brasil.
Desafios existenciais e culturais
Na abertura, o arcebispo do Rio, Cardeal Orani João Tempesta, ressaltou a atenção do Papa Francisco para a evangelização nas grandes metrópoles.
“A experiência do Papa Francisco na Arquidiocese de Buenos Aires o fez compreender a realidade dos ambientes urbanos e das metrópoles e, provavelmente, lhe serviu de inspiração para reconhecer a urgência de evangelizar a cidade. Com o processo de urbanização ocorrendo em várias partes do mundo, muitas vezes de forma acelerada e desorganizada, o Papa levou este tema das Igrejas particulares nas grandes e pequenas cidades ao nível da Igreja Universal, colocando esta reflexão na ordem do dia. Segundo ele, o cenário universal e teológico não pode esquecer a cidade. Pelo contrário, traz para este nível universal a grande preocupação de testemunhar Deus em meio aos desafios existenciais e culturais do mundo, indo ao encontro das suas situações mais difíceis, conforme a expressão que o próprio Papa cunhou: ‘Uma Igreja em saída’ ”, disse.
Redescobrir a presença de Deus
Dom Orani refletiu ainda sobre alguns desafios, mas destacou que a cidade não pode ser vista apenas de uma forma negativa.
“A cidade é matriz dos grandes acontecimentos da história que forma, na maioria das vezes, uma nação. Mais uma vez o Papa Francisco nos fala que, além de riscos, ela apresenta grandes oportunidades. O maior desafio é redescobrir a presença de Deus nas diversas realidades contemporâneas. A Igreja tem por obrigação a missão de evangelizar os homens. Devemos ajudar os cristãos a ver neste falso pessimismo uma oportunidade de aproveitar os modelos mais modernos para transformar o mundo pela fé. Esperamos que o estudo destas reflexões, guiadas pelos conferencistas e pelos encontros externos, auxilie no crescimento do serviço à Igreja pela comunicação e nos capacitem a uma autêntica ‘saída missionária’”, concluiu o cardeal.
Experiência pessoal
O vigário episcopal para a Comunicação Social da Arquidiocese do Rio, cônego Marcos William Bernardo, também participou da abertura do seminário e fez uma análise sobre o tema escolhido para esta terceira edição.
“Deus está entre nós, mas precisa ser evidenciado e lembrado. Cada indivíduo que está na metrópole precisa ter uma experiência pessoal desta presença de Deus na cidade. Dentro deste contexto é que nós vimos a riqueza do tema e a pertinência para que essas reflexões sejam desenvolvidas. A cultura engloba cidade, esporte, família, arte e religião. E eu acredito que esses subtemas deverão ser trabalhados aqui porque só assim nós entendemos sobre as cidades. Que este seminário seja de grandes frutos não só para Arquidiocese do Rio de Janeiro, mas para todas as dioceses que aqui estão representadas”, desejou o cônego.
Logomarca
O jovem Gustavo Huguenin realizou a primeira conferência do seminário falando sobre sua experiência no ‘Mass Media na Jornada Mundial da Juventude, em Cracóvia’. Finalizando o primeiro dia, o designer gráfico Gustavo Gigio, que criou a logomarca do encontro, apresentou aos participantes o conceito da imagem.
“Deus vive na cidade: a Igreja em saída para comunicá-lo”.
Um dos conferencistas foi o prefeito da Secretaria para a Comunicação da Santa Sé, diretor do Centro Televisivo do Vaticano (CTV) e professor de teologia da comunicação na Lateranense, monsenhor Dario Viganò. “Estou muito contente de poder estar aqui no III Seminário de Comunicação como encarregado da comunicação da Santa Sé. O tema desse ano toca o coração do magistério do Papa Francisco, que pede continuamente à Igreja para não ter medo de sair pelas estradas do mundo e dos homens, para testemunhar o Evangelho da Misericórdia. Como comunicadores da Igreja devemos e somos chamados a comunicar que o Senhor da história é Deus e que o tema profissional deve servir para comunicá-lo de uma maneira justa e apaixonada. Como recorda São Paulo: ‘Ainda que tivesse todos os conhecimentos do mundo e da história e toda ciência, se não tenho a caridade, não sou nada’”, disse Monsenhor Viganò.
O decano da Faculdade de Comunicação Institucional da Universidade Santa Croce, professor de fundamento da comunicação institucional e doutrina da Igreja sobre comunicação, padre Jose Maria La Porte, em suas conferencias refletiu sobre a comunicação como elemento humanizador em um contexto urbano, destacando elementos estratégicos para comunicar a fé. “Num contexto particularmente mediático teremos que aprender por um lado a ser a audiência, a saber quais meios consultamos e com que meios nos informamos sobre a fé e a cultura atual. E por outro lado devemos e temos que ser pessoas com certo protagonismo de participação nos meios, sabendo propor mensagens por uma modulação comunicativa adequada e em um contexto que a gente escute outras vozes. Nós temos que pensar a fé para que ela seja atrativa em um contexto mais amplo. E um seminário com essas características ajuda cada cristão a repensar a própria fé e a dimensão comunicativa, assim como também ensina a cada padre a enxergar a relevância da dimensão comunicativa do seu trabalho como sacerdote”, pontuou padre Jose Maria.
A influência digital na vida cotidiana gera muitas oportunidades, mas também apresenta grandes desafios. Dentro deste contexto foi que Maylla Miranda, do Grupo CBYK e Google Brasil, proferiu nas suas conferências. “Os impactos, a influência do ambiente virtual para o nosso dia a dia, como a gente nem percebe que nossas informações pessoais vazam na internet e o impacto que isso gera pra gente. Trouxemos dados reais sobre isso, experiências de pessoas, e falamos um pouco também sobre as oportunidades, o que é bom, e de que forma podemos usar isso para grandes causas. Falando como Igreja, precisamos evangelizar com a vida, e no mundo virtual não é diferente. Estamos sendo observados o tempo todo, e nossas ações precisam falar como a nossa vida”, ressaltou a especialista.
Fonte: ArqRio