“Um apelo ao amor na vida cotidiana”: Dom Devair comenta nova encíclica do Papa Francisco

Foto: Divulgação / Parlamento RMC

O Papa Francisco publicou na quinta-feira (24) a quarta encíclica de seu pontificado, “Dilexit Nos”, sobre o amor humano e divino do Coração de Jesus. O bispo de Piracicaba, Dom Devair Araújo da Fonseca, comentou nesta sexta-feira (25) os principais pontos do documento, ressaltando que, além do aprofundamento doutrinal, a carta apresenta um apelo para que os fiéis vivenciem “a expressão do amor na vida cotidiana”, promovendo justiça, solidariedade e fraternidade.

As encíclicas são consideradas os documentos mais importantes que um papa escreve durante o pontificado. São como cartas circulares destinadas à Igreja em todo o mundo, com o objetivo de orientar a compreensão, a transmissão e a aplicação dos ensinamentos sobre a Sagrada Escritura e a Tradição Católica. Podem referir-se a temas sociais ou a questões de fé e moral, especialmente.

Confira a análise de Dom Devair sobre a nova encíclica do Santo Padre:

Próximo ao início do século XX, em maio de 1899, o Papa Leão XIII publicou a encíclica “Annum Sacrum”, consagrando o mundo ao Sagrado Coração de Jesus. Agora, às portas do Jubileu da Esperança, que será celebrado em 2025, o Papa Francisco publica a encíclica “Dilexit Nos”, expressão em latim que significa "Ele nos amou".

A encíclica está dividida em cinco capítulos, que reafirmam a longa tradição de devoção da Igreja ao Sagrado Coração de Jesus. Nos três primeiros capítulos, o Papa Francisco trata do sentido simbólico e metafórico do coração; da centralidade do Coração de Cristo como o núcleo de seu amor e compaixão; e do coração como símbolo visceral do amor divino e humano de Jesus. Nos dois capítulos seguintes, Jesus é apresentado como a fonte de água viva, que sacia definitivamente a sede espiritual, e como essa experiência marcou a piedade e a tradição espiritual da Igreja, tendo como exemplo Santa Margarida Maria Alacoque.

A proposta do Papa Francisco tem um acento interessante no segundo capítulo, no qual ele especifica que a devoção ao Coração de Jesus não é a devoção a “uma parte de Jesus”, mas sim ao seu amor integral. Na essência da devoção está o amor e a misericórdia de Cristo em sua totalidade. Dessa ideia decorrem três pontos principais:

1 - A encíclica reforça a compreensão teológica do Coração de Jesus como fonte de renovação espiritual e de amor que ultrapassa as realidades humanas;

2 - Francisco faz um apelo teológico-pastoral para que os fiéis vivam a expressão do amor na vida cotidiana e, com isso, promovam a justiça, a solidariedade e a fraternidade;

3 - Por fim, a encíclica aponta como grande desafio a integração entre a fé e a vida, demonstrando como a experiência do amor de Cristo precisa ter implicações práticas.

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