Dom André e Irmã Irma Calgarôto (FCM) no local onde ficava o chalé habitado por Madre Cecília
O monge beneditino valombrosano Dom André Alves dos Santos (OSB), presidente da Academia Brasileira de Hagiologia (ABRHAGI), esteve na última semana em Piracicaba para conhecer o Centro de Espiritualidade e Missão Madre Cecília e visitar a casa onde viveu a religiosa e candidata a santa da Igreja Católica, além disso, ele verificou em detalhes o pedido das Irmãs Franciscanas do Coração de Maria que deu origem ao processo, que está em andamento, para a canonização da madre piracicabana.
No sábado (14), Dom André também participou da Peregrinação à Casa da Madre Cecília, evento que contou com santa missa presidida pelo padre Danilo Rubia Soares, da Diocese de Piracicaba, e fez parte das celebrações dos 125 anos de fundação da Congregação das Irmãs Franciscanas do Coroação de Maria e dos 74 anos do falecimento de Madre Cecília.
Durante sua visita ao centro de espiritualidade, o presidente da ABRHAGI também ministrou a palestra “Passos no Caminho da Santidade”, explicando como a Igreja procede nas causas de beatificação e canonização dos santos. Ele também visitou o memorial dedicado à madre, venerou suas relíquias e conversou com devotos e com as religiosas sobre o andamento do processo de beatificação e sobre a divulgação da vida e da obra de Madre Cecília, que já é denominada Serva de Deus pela Igreja Católica.
Dom André afirmou durante a visita que o processo da religiosa piracicabana é “muito bem fundamentado”. Ele disse ainda que, embora o andamento das causas costume demorar um pouco e as análises da Igreja sejam extremamente rigorosas tanto para beatificação quanto para canonização, Piracicaba tem chances de, futuramente, ter uma representante que poderá ser honrada nos altares católicos.
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Participantes da Peregrinação à Casa da Madre Cecília, em Piracicaba, no último sábado (14)
Madre Cecília nasceu em 1852, em Piracicaba, filha de Pedro Liberato de Macedo e Rosa Martins Bonilha, que tiveram nove filhos, sendo a quinta filha do casal. Ela recebeu como nome de batismo Antônia Martins de Macedo. Seu ideal desde jovem era o de se consagrar a Deus na Vida Religiosa. Não conseguindo realizar seu projeto, aos 35 anos, por determinação de seu pai, casou-se com Francisco Borges Ferreira e após cinco anos ficou viúva com três filhos: Rosa, João e Antônio. No entanto, em 1890 chegaram a Piracicaba os Frades Capuchinhos, vindos de Trento, Itália. Tomando conhecimento da chegada dos frades, resolveu ingressar na Ordem Franciscana Secular e foi sua primeira ministra, recebendo o nome de Irmã Cecília, como ficou conhecida.
No dia 6 de janeiro de 1896, Ir. Cecília expressou a ideia de levar uma vida de oração e trabalho e se dedicar ao apostolado das almas, auxiliando os Capuchinhos nas missões da cidade. Esta inspiração foi acolhida e incentivada pelo diretor espiritual, frei Luiz Maria de São Tiago, OFMCap, e pelo pároco padre Francisco Galvão Pais de Barros. Assim, no dia 2 de fevereiro de 1898, foi inaugurado o “Asilo Coração de Maria Nossa Mãe”, para acolher meninas órfãs, pobres e desvalidas. Após dois anos, sob a orientação de frei Bernardino de Lavalle, OFMCap, e aprovação do bispo da cidade de São Paulo, Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, no dia 30 de setembro de 1900, foi fundada a Congregação das Irmãs Franciscanas do Coração de Maria. Madre Cecília faleceu em 6 de setembro de 1950, aos 98 anos, deixando para suas Irmãs de Congregação grande exemplo de santidade.
Após 41 anos da morte de Madre Cecília, aconselhada por bispos e sacerdotes, a Congregação iniciou o processo de canonização em 1991 com a exumação dos ossos que foram depositados numa urna na Capela do Lar Escola. No dia 6 de setembro de 1992, mediante decreto do então bispo diocesano, Dom Eduardo Koaik, ocorreu o início da fase diocesana no processo de canonização. A partir dessa data foram dados todos os passos para o encaminhamento do processo; foram ouvidas 130 testemunhas que conviveram com a Madre Cecília, realizadas muitas pesquisas e feitos estudos da sua vida e virtudes. Em 1997, terminado o trabalho de introdução à Causa dos Santos, encerrou-se a primeira etapa do processo, em âmbito diocesano, com uma celebração solene em Piracicaba. Assim, no dia 2 de maio de 1998, foi dada uma declaração pela Congregação para as Causas dos Santos, em Roma, para dar prosseguimento. Atualmente o processo está na fase romana, quando é analisado todo o material envolvido pela postulação

Presidente da ABRHAGI com nove volumes de documentos relacionados à causa de Madre Cecília