A Liturgia da Palavra do 25º Domingo do Tempo Comum, celebrado em 19 de setembro, propõe a reflexão sobre o trecho do Evangelho de Marcos (Mc 9,30-37) em que Jesus apresenta a “lógica do Reino de Deus” aos discípulos, como explicou o Bispo de Piracicaba, Dom Devair Araújo da Fonseca, durante a Santa Missa celebrada na Catedral de Santo Antônio.
O Bispo explica: “O que os discípulos estavam questionando era a respeito do poder, de saber quem manda mais. E Jesus apresenta a lógica do Reino, que não é essa lógica. O Reino é dos mais simples, dos mais humildes, daqueles que são capazes de aceitar a vontade de Deus. O Reino é daqueles que são capazes de ver que a vontade de Deus é a melhor escolha. É por isso que Jesus coloca uma criança no meio deles e aponta a criança como exemplo, como modelo. Não porque a criança não compreende as coisas, mas porque ela tem a capacidade de aprender algo novo, de receber os ensinamentos.”
“Nós, às vezes, temos dificuldade de receber esse algo novo. É mais ou menos aquilo que acontecia com os fariseus e os mestres da lei, que já estavam tão seguros nas suas certezas pessoais e humanas que eram incapazes de acolher a palavra de Deus e o ensinamento de Jesus, como se Jesus quisesse destruir as suas organizações, suas estruturas.”
Prosseguindo, Dom Devair ressaltou o que o Santo Padre tem ensinado quanto a necessidade da “conversão das estruturas”. “Toda a Palavra de Deus é um convite à conversão. O Papa Francisco tem nos chamado a atenção para isto: uma grande necessidade do nosso tempo é a conversão das estruturas, estruturas que vão se consolidando, se fortalecendo e depois esquecem a sua finalidade. Isso pode acontecer com a Igreja e acontece com a Igreja quando nos esquecemos da vontade de Deus para fazer a nossa vontade. Acontece à medida em que nós esquecemos o que é o Reino de Deus para tentar construir aqui a nossa vontade, por meio de todas as ideologias, que são apenas ideologias e pensamentos humanos”, disse.
“Se não tivermos a capacidade de reaprender a viver a vida, a organizar as estruturas, a nossa sociedade e os nossos pensamentos a partir da Palavra de Deus, então não temos aquela atitude de criança que aprende, mas temos a certeza de fariseus que já dizem saber de tudo e que acham que não precisam de Jesus. [...] O justo de Deus enfrenta as dificuldades, mas tem a sua certeza e os seus alicerces em Deus, coloca sua esperança, sua segurança unicamente em Deus. Ou seja, é como uma criança que se entrega totalmente nos braços do pai e da mãe e confia neles. É assim que Jesus pensa e fala. Essa é a lógica do Reino, que é capaz de transformar tudo a nossa volta quando temos a docilidade de escutar o que Jesus diz.”
Dom Devair encerrou a homilia clamando: “Que Deus nos dê ouvidos atentos para sermos praticantes da Palavra de Deus e que a escuta da Palavra provoque em nós mudanças e testemunhos, para que o mundo veja que a Palavra de Deus serve, sim, como guia, luz e sabedoria para orientar a vida de todos”.