O Bispo Diocesano de Piracicaba, Dom Devair Araújo da Fonseca, durante Santa Missa presidida por ele no domingo (27), às 10h30, na Catedral de Piracicaba, ressaltou a importância de seguir Jesus de forma consciente e sóbria e de se viver uma caridade fundada no verdadeiro encontro com o Ressuscitado.
Multidões
“O encontro com Jesus é fundamental para a fé cristã. Às vezes, ficamos muito preocupados com números, com a quantidade de pessoas, as multidões. Mas quantas pessoas na multidão, de fato, são discípulos de Jesus? Multidão é sempre impessoal. Basta acontecer um acidente, uma coisa pequena que seja, que já se ajuntam pessoas. São só curiosos que querem ver, o que aconteceu e, quanto mais complicada é a situação, mais gente tem para ver, mas poucos estão ali para ajudar.”
Fé, espetáculo e caridade
“A fé não é um espetáculo, não é um show de atração turística ou para atrair curiosos, onde Jesus vai fazendo curas e milagres para atrair cada vez mais multidões. Isso não serve para nada. Quem muda de lugar em busca de ver esses milagres são aqueles que ficam pulando de igreja em igreja porque estão atrás de coisas maravilhosas, espetaculares, como se Jesus fosse um mestre de shows, como se fosse alguém que toda vez que passa por algum lugar faz um espetáculo diferente. Jesus não é um animador de auditório. Jesus não é um animador de multidões. Jesus não veio para fazer curas espetaculares para que as pessoas, cada vez mais convencidas, sejam mais generosas nas suas contribuições. A caridade da qual falava a segunda leitura (2Cor 8,7.9.13-15) não tem nada a ver com isso. Mas é a caridade que nasce da experiência profunda do encontro com Jesus."
Jairo e hemorroíssa
"O evangelho fala de duas pessoas para as quais precisamos chamar a atenção: uma pessoa teoricamente tem muito a perder, é Jairo (chefe da sinagoga de Cafarnaum) que era alguém com status naquela sociedade, naquele tempo. Ele não tem medo de procurar Jesus às claras. Jairo está arriscando perder sua boa fama, seu prestígio e sua vida. A outra pessoa que aparece no Evangelho é a mulher que estava na multidão. Ela não tem nada a perder, mas ela quer algo de Jesus e vai até Ele de forma oculta, anônima. Se der certo, deu, mas vai que não dá certo, vai que não funciona, vai que não é isso."
Demonstrar a fé
“Nós precisamos arriscar tudo de nós em Jesus. Por que segurar uma parte de nós? Por que ficar preocupado com o que vão pensar se eu falar que sou cristãos, se eu disser que sigo a Jesus, que tenho este posicionamento claro e direto diante das situações do mundo? O que eu arrisco perder? Não adianta tentar seguir Jesus de forma oculta. É como se a gente tivesse uma vida clara na Igreja, como se a gente experimentasse a nossa fé na Igreja, mas na realidade do mundo a gente não quisesse demonstrar isso. É como se a gente tivesse vergonha de demonstrar aquilo que somos e a fé que nós temos. Ou estamos claramente do lado de Jesus, fazendo a nossa opção clara por aquilo que é o ensinamento de Jesus, ou nada! Ou fazemos parte daquela multidão que é, simplesmente, um grupo de pessoas que caminha de um lugar para outro procurando um show.”