A comunidade de seminaristas do Seminário Teológico São José, junto de seu reitor, Padre Mateus Kerches Nicolucci, reuniu-se na quarta-feira, dia 14, para estudar a Carta Pastoral de Dom Devair Araújo da Fonseca, sexto Bispo Diocesano da Diocese de Piracicaba.
Após uma breve introdução à Carta, o reitor organizou os trabalhos com os seminaristas, que prontamente se debruçaram sobre as orientações de seu Pastor. O texto que se segue é uma síntese daquilo que os seminaristas da etapa de Configuração (estudos teológicos) refletiram nessa tarde de estudos:
Olhar para a Carta Pastoral de nosso Bispo Diocesano é perceber que a ação pastoral da igreja diocesana quer contar com o patrocínio e o exemplo de São José, sobretudo nesse ano do Senhor que é a ele dedicado. Dividindo a Carta em três partes, Dom Devair nos instrui sobre algumas virtudes a serem vividas pela Igreja em Piracicaba. Tais virtudes são buscadas em São José, o que, para nós, é motivo de uma maior alegria, dado que nosso seminário está a ele confiado. De princípio, chama-nos a atenção, também, o fato de que a Carta se dirige a todo Povo de Deus de nosso Diocese, assim, nossa perspectiva de trabalho pastoral deve se desdobrar em unidade com o clero e com os fiéis leigos.
Justamente a unidade é o primeiro elemento que nosso Bispo cita. “Fé é nosso princípio de unidade”, diz ele. Através da fé todos fazemos parte da Igreja, Corpo Místico de Cristo. Com essa unidade, somos chamados, todos, à santidade, a qual se realiza quando o que se vive e o que se celebra não são coisas distintas. No corpo, cada qual tem sua função específica e pode contribuir para sua edificação. Trabalhar em comunhão é o modo de testemunhar essa fé que move a Igreja. Com essa perspectiva, aprendendo com o próprio Cristo que se faz obediente ao Pai, entende-se que o Bispo é, portanto, o ponto de unidade de nossa Diocese.
Agindo como a Igreja, que é Mãe e Mestra, o Bispo exerce sua paternidade ao cuidar e ao guiar nós, seu povo, no caminho do seguimento a Jesus Cristo. O Bispo, com seu testemunho de fé, já visível nas muitas visitas pastorais paroquiais e nos muitos gestos de caridade, gera a unidade da igreja diocesana. Como pai, ensina que a obediência está no serviço e que, sendo ele o primeiro servidor, o serviço deve promover a comunhão entre os irmãos e irmãs que trabalham em prol do Reino de Deus, movidos pela mesma fé.
Com estes pensamentos, Dom Devair evidencia que a obediência e a paternidade de José, ainda hoje, tem valor e serve de inspiração para os cristãos. Dando continuidade à Carta, o segundo tópico abordado é sobre a esperança. A vida de São José foi um imediato responder para a Palavra de Deus que lhe interpelava. Isso é próprio de quem, confiando na Palavra de Deus revelada, vê esperança naquilo que ela pede.
Olhando para a vida de São José, conforme os Santos Evangelhos nos apresentam, pode-se notar que José, o pai adotivo de Jesus, foi um homem que correspondeu, imediatamente, com sua vida, aquilo que lhe era anunciado pelo anjo de Deus. São José foi obediente ao se dispor com prontidão diante da Palavra de Deus que lhe era dirigida. Isso resulta de uma atitude corajosa, típica de quem tem esperança em Deus; é um estilo de vida próprio àqueles que se abandonam ao projeto de Deus e seu plano de salvação.
A instrução a ser aprendida com São José é o fato de que, mais do que planejar, é necessário trabalhar para que os planos se realizem. Nesse cenário pandêmico pode ser difícil realizar os planos de Deus, mas esse “difícil” não é “impossível”. Por isso, continuemos em espírito de missão, testemunhando nossa alegria de sermos cristãos, salvos por Cristo. Nosso trabalho, enquanto Igreja, tal como diz nosso bispo, é conformar nossa vontade à vontade salvífica de Deus.
Segundo a orientação da Carta Pastoral, a pandemia da Covid–19 mostrou que é urgente revisar nosso estilo de vida eclesial. Precisamos nos inspirar em São José e revigorar/revisar nossos projetos pessoais de modo que eles estejam voltados para uma causa maior em prol da evangelização e do bem ao próximo. “É preciso sair da zona de conforto”, diz-nos Dom Devair, saiamos, pois, com esperança em Deus e sem medo do engajamento na ação missionária de evangelização da Igreja que promove a dignidade integral do ser humano.
Para assumir essa proposta, saindo das “zonas de conforto” que nos fazem ficar numa pastoral de manutenção e fechada à missão, nosso Bispo nos convida a olhar, no terceiro e último elemento de sua Carta Pastoral, para o “como” que São José ensina: através do cuidado.
Todos precisam de cuidado. Jesus também o precisou. E São José estava lá para cuidar de Jesus. Também, hoje, como patrono universal da Igreja, ele cuida de nós. Sendo homem justo, isto é, exercendo a caridade que nasce da misericórdia divina, São José ensina a Igreja a também zelar pelas coisas de Deus.
Deveras, olhando para as virtudes do zelo e do cuidado, em São José, a Igreja deve assumir como missão o anúncio e o testemunho do amor misericordioso de Deus. Sentindo-se amada, querida e salva por Deus, em sua experiência com Cristo, a Igreja que somos nós é chamada a viver a caridade, superando toda forma de justiça, violência ou maldade. Tendo experimentado o amor de Deus, no encontro pessoal com Jesus Cristo, nós, Sua Igreja, somos enviados a cuidar por amor.
Quantos são os que precisam de nossa “paternidade adotiva”, tal qual a de São José para com Jesus. Pensemos, por exemplo, nos drogados, nos que vivem nas ruas, nos que passam fome, nos que se sentem abandonados por familiares e amigos. Para e com estes é claro o dizer de Dom Devair: “A mensagem que queremos partilhar tem um conteúdo decisivamente social, com repercussão moral, cujo centro é a caridade”.
Olhar para o outro e reconhecer nele alguém que precisa, também, como todos nós, de cuidados é o desejo de nosso Bispo. Recordemos que, antes de tudo, o próprio Deus zela por nós e ainda nos dá a graça do patrocínio zeloso e cuidadoso de São José, que “foi um homem de fé, esperança e caridade”. Sejamos assim também nós. Ajamos com “uma fé viva, uma esperança atuante e uma caridade que cuida”, recordando sempre que nosso sustento na vida é a presença real do Cristo ressuscitado em nossa vida e nossa história, dando a certeza da salvação que esperamos e cremos. Que os desafios e as incertezas não produzam em nós um medo paralisante, mas que animados pelo Espírito do Senhor, nos empenhemos nos trabalhos da Igreja em vista da salvação e da promoção do bem para toda a humanidade.
Claudio Furlan
Seminarista do 4º ano de Teologia
da Diocese de Piracicaba
Foto: Seminário Teólogico São José