Criada há 30 anos na Diocese de Piracicaba, por iniciativa do terceiro bispo diocesano Dom Eduardo Koaik, do casal Antonio Ferraz do Canto e Maria Berchmans Canto (dona Bergue) e a assistente social Maria Elizabeth Papini Nardin, a Pastoral da Criança salvou centenas de milhares de vida em três décadas de atuação.
Para marcar este momento festivo, acontece no dia 23 de abril, a partir das 13h, no Ginásio Municipal Waldemar Blatkauskas, em Piracicaba, o encontro dos 30 anos da presença da Pastoral da Criança na diocese. “Será uma tarde de ação de graças e agradecimento pelas vidas que foram salvas e continuam sendo salvas por meio do trabalho de todos que já passaram e ainda permanecem atuando na Pastoral”, explica a Coordenadora Diocesana da Pastoral da Criança, Marlene Besen Eckstein.
Idealizada na década de 80 para combater a desnutrição e a mortalidade infantil, a Pastoral da Criança tem hoje um novo desafio, a redução do sobrepeso e da obesidade infantil. “Atualmente, o desafio maior das líderes é orientar as mães para evitar oferecer às crianças alimentos industrializados”, ressalta Marlene.
Ela explica que as mudanças de hábitos alimentares com o consumo excessivo de lanches “fast-food” e produtos ultraprocessados – ricos em açúcar, gordura e sal e pobres em nutrientes – têm provocado o aumento de peso não somente nas crianças, mas em todos os membros da família. “Hoje, a Pastoral realiza um acompanhamento nutricional e ensinamos as mães a utilizar alimentos saudáveis na alimentação”.
Marlene ressalta ainda que a mudança alimentar está atrelada ao ritmo diário de muitas famílias, principalmente às mães que trabalham fora e que ainda têm o desafio de cuidar da casa. “Muitas delas não percebem ou até mesmo não sabem que facilidade de preparo de alimentos industrializados prejudica a saúde da família, principalmente das crianças”, alerta a coordenadora.
História – Criada oficialmente em 8 de abril de 1987, a Pastoral da Criança nasceu pequenina, na Paróquia São Francisco Xavier, nas comunidades Jardim Glória e Jardim das Flores, onde foram capacitadas as primeiras líderes comunitárias. No dia 4 de julho de 1987, na Capela Cristo Operário, no Jardim das Flores, Dom Eduardo presidiu a celebração da missa e entregou o certificado de conclusão do curso de capacitação a 18 líderes comunitárias, iniciando assim a caminhada.
No mês de setembro do mesmo ano, a Pastoral da Criança foi implantada em Santa Bárbara D´Oeste, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida e na Capela Curada (hoje Paróquia) São Sebastião, e também em Rio Claro e Capivari, sendo que no final de 1987, já estava presente em 24 paróquias da diocese, com 255 líderes capacitados atuando em 24 comunidades, no atendimento de 3.409 crianças de zero a seis anos e 180 gestantes.
Ao completar 30 anos, a Pastoral da Criança da Diocese de Piracicaba está presente em 11 dos 15 municípios que compõem a diocese, no total de 52 paróquias, atingindo 158 comunidades. São 608 líderes atuantes e capacitados, 376 apoiadores que acompanham 5.302 crianças de zero a seis anos, 252 gestantes e 4.609 famílias.
Coordenadores – A primeira coordenadora da Pastoral da Criança foi Maria Elizabeth Nardin, no período de 1987 a 2004; em seguida assumiu o cargo Nanci Carolina Benetello, permanecendo de 2004 a 2012 e atual-mente a função é de Marlene Besen Eckstein que ficará até junho de 2018.
Padres animadores – A Pastoral da Criança já teve como animadores os presbíteros: Altair Aparecido Soares, Anselmo Cardoso Martiniano, Alcídio Laurindo Filho (Nino). Atualmente o animador é padre Reginaldo (Régis) Aparecido Brandão.
Perto de completar 30 anos, Talita Fonseca Coutinho Vieira, ainda no ventre de sua mãe, a líder Maria Odete Fonseca Ruas, já era acompanhada pela Pastoral da Criança. “Nasci com a Pastoral da Criança e nela estou até hoje”, festeja Talita.
Mãe dos pequenos Nicolas Coutinho Vieira e Emanuel Coutinho Vieira, de 3 e 4 anos respectivamente, Talita conta que além de ser acompanhada pela Pastoral da Criança, desde pequena sempre se encantou com o trabalho de sua mãe, Odete e as outras líderes da Pastoral que atuavam e ainda atuam em sua comunidade, a Capela Nossa Senhora de Guadalupe, da Paróquia São Lucas, em Piracicaba. “Minha mãe como líder me levava com ela nas pesagens e eu ajudava. Aqueles momentos foram fazendo parte de minha vida e hoje sou líder nesta mesma comunidade, e é muito gratificante colaborar para o desenvolvimento das crianças, além de orientar as mães de como cuidar de seus filhos para que tenham vida em abundância”, salienta Talita.
Tendo a mãe e o pai José dos Anjos Coutinho, que faleceu no ano passado, como exemplo de atuação na Pastoral da Criança, Talita lembra que aos 4 anos pediu para fazer parte do coral, depois quis ser líder, aos 12 anos fez a formação e se tornou líder mirim e nunca mais parou. Sempre contando com o apoio do marido, Giovane Vieira, Talita junto com as demais líderes de sua comunidade, acompanham mensalmente aproximadamente 50 crianças, além de suas famílias.
Além de atuar na comunidade, Talita é responsável pelo grupo de dança “Pequeninas de Jesus”, composto por 10 meninas com idade entre 9 e 14 anos que já foram acompanhadas pela Pastoral. “Mostramos por meio da dança a celebração da vida e o amor a Deus e à Igreja”, afirma a líder.
Assim como ela, a irmã Catarine Coutinho de Morais e o irmão Wesley Augusto Martins Coutinho também são líderes da Pastoral da Criança. “A Pastoral foi a diferença na minha vida e na vida da minha família. E hoje é a diferença para a vida de meus filhos, pois tudo que faço para eles, aprendi na Pastoral,” finaliza.
Quando Deus chamou Moisés para a missão de libertar o povo Hebreu da escravidão do Egito, assim se expressou: “Eu vi a miséria do meu povo. Ouvi seu clamor contra sues opressores, conheço os seus sofrimentos. Por isso desci para libertá-los. Vai, eu te enviarei para fazer sair do Egito o meu povo” (Ex 3,7-10).
Foi assim que começou a Pastoral da Criança em nossa diocese. Dom Eduardo Koaik (saudosa memória) notando que Piracicaba, assim como outras cidades da diocese, estava crescendo muito, havendo a necessidade de uma maior atenção às crianças e suas famílias convidou em 1987 a assistente social, Elizabeth Nardin (in memoriam) e o casal Antônio Canto (in memoriam) e Bergue Canto para implantar na diocese a Pastoral da Criança, criada pela dra. Zilda Arns (in memoriam), com o objetivo de “salvar vidas”, promovendo as mães e famílias para lutar por um mundo mais justo e solidário.
Com a orientação de Dom Eduardo, foi implantada a Pastoral primeira-mente na Paróquia São Francisco Xavier, nos bairros Jardim Glória e Jardim das Flores, com 20 líderes. Foi crescendo e se espalhando por quase todos os municípios e paróquias que compõem a diocese e hoje está presente em 11 municípios, 52 paróquias e 158 comunidades. São 608 líderes e 376 apoiadores que acompanham 5.302 crianças, 252 gestantes e 4.609 famílias. “Os números falam por si, e mais alto fala o amor com que se inflamam os corações” (Dom Eduardo Koaik).
Os líderes fazem um acompanhamento à criança desde o ventre materno. Cuidam no início da vida, desde a sua gestação. Líderes, coordenadores, grupos de apoio, dividem os seus dons com os irmãos, unindo Fé e Vida. Fazem visitas mensalmente, ensinam e estimulam as mães mostrando a importância do pré-natal, aleitamento materno, vacinação, alimentação saudável, para que haja o desenvolvimento integral da criança, sempre lembrando dos três “As”: Amor, Alimento e Atenção.Valorizam a mulher, elevando sua autoestima, para que se sintam animadas a cuidar melhor dos seus filhos para que “Cresçam em Sabedoria e Graça” (Lc 2,52)
Quem são esses Líderes? Deus não escolhe os capacitados, Ele capacita os escolhidos. Então são pessoas que sentindo o chamado de Deus, assumem voluntariamente a missão de “salvar vidas”. Participam de uma capacitação com o Guia da Pastoral da Criança que contém conhecimentos importantes numa linguagem simples, clara e acessível a todos.
Esse Guia foi aprovado por autoridades religiosas, líderes, coordenadoras, especialistas em saúde e educação. Avaliado tecnicamente por entidades governamentais, acadêmicas e sociedades científicas nacionais e internacionais. Foi baseado nos Direitos da Gestante, no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e assegurado na Constituição Brasileira.
Temos certeza, através de testemunhos, que pessoas que participaram dessa capacitação, nesses 30 anos, levaram para suas famílias, suas comunidades, sua vida, esses conhecimentos, mesmo que por algum motivo estejam atualmente afastadas da Pastoral da Criança. “Fazer ou não fazer algo só depende da nossa perseverança”.
Muitas crianças que foram acompanhadas, hoje são mães que evangelizam seus filhos desde o ventre materno, muitas se tornaram líderes.
Eu, particularmente, louvo a Deus por essa imensa graça de fazer parte desta Pastoral da Criança em nossa diocese nesses 30 anos. Louvo a Deus pelos bispos, padres, pastorais, movimentos, coordenadores, líderes, capacitadores, pessoas da rede pública que muito colaboraram. Louvo a Deus pelos meus dez filhos e familiares. E também pela coordenação nacional que nos dá suporte e nos mantém atualizados. Obrigada meu Deus pelas crianças que foram salvas e pela imensidão de amigos que ganhei na Pastoral da Criança. Finalizo com o refrão de uma música:
“- Ó Senhor! Quero agora Te agradecer. 30 anos de muito amor. De lutar, de viver!” (Elder Canto)
Bergue Canto
Idealizadora da Pastoral da Criança