Há duas maneiras de se esperar a chegada de um(a) filho(a) em uma família. Na primeira delas, a espera dura normalmente nove meses e aí nasce o sonhado bebê e a casa se enche de alegria. A segunda é pela adoção, aí a espera é por tempo indeterminado. No segundo caso, esta espera pode gerar angústia, medo, ansiedade e outros sentimentos que muitas vezes o casal ou pessoa solteira e até a família têm dificuldades de lidar.
Exatamente com a intenção de ajudar a essas famílias foi fundado em 2010 o Gaap - Grupo de Apoio à Adoção de Piracicaba “Doce Ação”. O Grupo é uma Unidade Prestadora de Serviço, ligado à Pasca (Pastoral do Serviço da Caridade) da Diocese de Piracicaba. O objetivo principal do “Doce Ação” é acolher e orientar as pessoas que estão inscritas no Cadastro Nacional de Adoção ou em vias de se escreverem, acompanhando-as no processo de adoção.
Coordenado pelo casal José Roberto Silveira Mello e Maria Claudete Santiago Silveira Mello, pais de dois filhos biológicos e dois adotivos, o “Doce Ação” em seis anos já atendeu aproximadamente 125 famílias. “Essas famílias recebem todo nosso apoio antes e depois da adoção, pois há dois momentos: a espera e a chegada da criança. Tudo isso, transforma a vida do casal e família”, explica Claudete.
Muitos casais ou até mesmo solteiros(as) que chegam ao “Doce Ação” já passaram pelo curso preparatório exigido pela Vara da Infância e do Adolescente. O curso é o primeiro passo do processo para adoção. Esses pretendentes são convidados pela equipe do Fórum da Comarca de Piracicaba a conhecer o Gaap enquanto aguardam o trâmite do processo para adoção. “O processo muitas vezes pode demorar muito tempo, portanto o amparo emocional e psicológico dado às famílias pelo “Doce Ação” é trabalho fundamental para o Poder Judiciário”, ressalta o juiz de direito da Vara da Infância e do Adolescente de Piracicaba, Rogério Toledo Pierre.
Em sua segunda união, o casal Amanda e Ricardo Eleutério deseja adotar uma menina até dois anos. Ela tem uma filha e ele um filho do primeiro casamento e esperam a chegada de “Rebeca”. O nome foi escolhido pela filha de Amanda. “Os encontros vão nos ajudar a receber a nossa filha quando ela chegar”, afirma Amanda. Ser pai, também é o sonho de “Fernando” (ele não quis se identificar). Ele e seu companheiro querem também adotar uma menina de até cinco anos. “Já são três anos de espera e as reuniões nos ajudam muito”.
Para Daniela Valério Casarin e o marido Alexandre Casarin, a espera pela chegada do pequeno Enzo foi de dois anos e oito meses. Ele tinha 23 dias quando “nasceu” para a família no dia 3 de abril de 2013. Hoje, com quatro anos, Enzo já sabe que não nasceu da barriga de “mamãe”, mas do seu coração. “Não há diferença entre ser mãe biológica ou adotiva, ser mãe é vocação”, afirma Daniela.
O casal frequenta o “Doce Ação”, mesmo após a chegada de Enzo. Participam do grupo “pós-adoção” que auxilia as famílias após a chegada do aguardado filho. “Todo pai e toda mãe deveria participar dos encontros, in-dependente se são pais adotivos ou biológicos, pois a formação ajuda muito na educação do filho”, finaliza Daniela.
Com uma equipe formada por nove pessoas, entre psicólogos, assistentes sociais, estagiárias de psicologia e voluntários, o Gaap “Doce Ação” foi reconhecido pelo trabalho social que realiza e, por isso, recebeu em 2016 o “Prêmio Madre Teresa de Calcutá”, concedido desde 1998 pela Câmara de Vereadores de Piracicaba como forma de reconhecer e valorizar a atuação de pessoas e entidades que lutam pela defesa dos direitos humanos.
SERVIÇO – O Grupo de Apoio à Adoção de Piracicaba “Doce Ação” realiza encontros toda terceira segunda-feira do mês, às 19h30, no Centro Diocesano de Pastoral, localizado na av. Independência, 1146, em Piracicaba. Informações pelo (19) 2106-7563.