Há séculos a Igreja celebra, no dia 25 de dezembro, a Solenidade do Nascimento de Jesus Cristo. Sabemos que o Natal é uma data importante na vida da Igreja, e evoca de modo significativo à confirmação de que da parte de Deus só há uma certeza, Ele permanece fiel ao que diz.
A encarnação do Verbo se dá numa família humana, em Nazaré, e traz consigo uma novidade, que se revela no “sim” de Maria, no encontro com Deus através do anjo que lhe faz o grande anúncio da maternidade divina; no “sim” de José, um trabalhador que cuidou de Maria, que dá a descendência e o nome a Jesus; o evento que muda a noite dos pastores, amplia a salvação à toda humanidade na adoração dos Magos... Um Deus que se faz homem, para mostrar ao mundo como deve ser a humanidade de Seu divino coração.
Este mistério está envolto em solidariedade da parte de Deus, porque quando se faz Homem, manifesta a toda humanidade que Ele quer ser presente; na fuga para o Egito, a Sagrada Família faz a experiência do exílio, como tantas famílias no mundo inteiro, quando se deslocam em busca de segurança, de vida e proteção. Toda infância de Jesus nos faz pensar: Por que, sendo Deus, se fez homem?
A grandiosidade do mistério deste amor no Natal de Jesus deve nos motivar, hoje e sempre, a celebrar esta data com um olhar de encantamento; no presépio, a simplicidade de Deus. Sabemos bem que São Francisco de Assis deixou-nos esta bela tradição: o presépio. O mistério da encarnação de Cristo no Natal o fascinou a tal ponto que, na pequena gruta de Greccio, na Itália, o santo de Assis, movido por este encantamento, fez uma tradução popular do nascimento do Salvador, Jesus Cristo. Ainda hoje somos fascinados pelas manifestações públicas de devoção, nas casas, nas praças e em nossas igrejas. O presépio não é teatro; este pequeno gesto manifesta publicamente nossa fé; somos um povo que celebra o Cristo vivo, que está no meio de nós. No Natal, celebramos o amor que se faz carne, um amor que transcende à própria vontade, um amor que não busca nada para si, um amor que se doa desde o seu nascimento.
É preciso entrar neste grande mistério de amor, e perceber que as grandes mudanças sempre acontecerão na simplicidade dos acontecimentos diários em família. Sejamos gratos, e estejamos sempre de portas abertas para acolher o Filho de Deus, que bate à nossa porta em cada irmão e em cada irmã que precisam, hoje, de nosso gesto concreto de amor e solidariedade. Que nossas casas sejam, de fato, uma manjedoura; na simplicidade, acolhamos neste Natal o verdadeiro e único dono da festa, Jesus Cristo, nosso Salvador, que se fez homem para salvar toda a humanidade.
Talvez neste ano, por causa da epidemia da Covid-19 que enfrentamos, muitas realidades foram modificadas; o abraço, as relações e o afeto entre familiares e amigos, que ainda necessitam manter-se em distanciamento. Volta a crescer os casos no mundo inteiro. É por isso que não podemos perder, mesmo neste tempo, aquele olhar de encantamento. No Natal que se aproxima devemos celebrar a nossa fé em Cristo, o Deus Conosco, o Emanuel, o Verbo Encarnado, que viveu, morreu e ressuscitou para manifestar a nós que a vida deve ser eternamente celebrada.
Pe. Anselmo Cardoso Martiniano
Assessoria de Comunicação da Diocese de Piracicaba
Foto: Katia Galdi