Testemunha ocular da história da Diocese de Piracicaba, nestes 75 anos, monsenhor Jorge Simão Miguel é o decano do Clero Diocesano. Aos 91 anos e com uma memória invejável, lembra-se com detalhes de vários momentos históricos da caminhada de nossa Igreja Particular.
Desde a sua ordenação presbiteral, há 64 anos, sempre exerceu seu ministério na Paróquia Imaculada Conceição, no bairro Vila Rezende, em Piracicaba. Primeiro como vigário coadjutor de monsenhor Romário Pazzianotto, depois, devido ao afastamento do pároco por motivo de doença, tornou-se vigário auxiliar e, em 6 de janeiro de 1960, foi nomeado pároco por Dom Ernesto de Paula. Exerceu esse ministério até 26 de fevereiro 2006, quando se tornou pároco emérito. E, assim, como emérito, ele continua na paróquia, exercendo seu ministério como vigário paroquial há 13 anos.
Na Diocese monsenhor Jorge foi Vigário Geral por 33 anos e Administrador Diocesano durante 13 meses, período de vacância, entre a saída de Dom Moacyr José Vitti e a chegada de Dom Fernando Mason.
Nesta entrevista para o “Em Foco”, Monsenhor Jorge fala um pouco sobre a história da diocese, desde a sua criação e instalação até os momentos atuais, da qual ele foi e continua sendo testemunha ocular.
Em Foco - Qual a lembrança que o senhor tem dos primeiros passos da Diocese de Piracicaba?
Mons. Jorge - Eu entrei no seminário em 25 de fevereiro de 1943, em Campinas, pois sou de Capivari, da Paróquia São Joao Batista, que pertencia à Diocese de Campinas. Quando estava no segundo ano, em 1944, foi criada a nossa Diocese de Piracicaba. Então, todos nós, seminaristas das cidades da nova diocese, passamos a ser diocesanos de Piracicaba, embora continuássemos a estudar em Campinas.
Quando ocorreu essa mudança?
A instalação ocorreu em 11 de junho de 1944. Todos nós, seminaristas, viemos de Campinas para Piracicaba, participamos da missa que foi presidida por Dom Aloisi Masella e passamos a ser oficialmente os primeiros seminaristas da nova diocese. Éramos muitos, não lembro todos os nomes, sendo um deles monsenhor Luiz Gonzaga Juliani (in memorian).
O que representou para o senhor, ainda como seminarista, a instalação da Diocese de Piracicaba?
Foi um momento histórico marcante não apenas para mim, mas para todos os seminaristas. Outro momento, que também ficou impresso em nossa memória, foi quando participamos, em 8 de setembro de 1945, da posse do primeiro bispo da diocese, Dom Ernesto de Paula.
Foi Dom Ernesto quem realizou sua ordenação presbiteral?
Sim. Minha ordenação aconteceu em 8 de dezembro de 1955. Foi um momento de alegria e gratidão a Deus. Após concluir 13 anos de estudos, em Campinas e São Paulo, pois Piracicaba ainda não tinha seminário, e passar por muitos desafios, realizei o sonho de ser padre para o serviço da Igreja. São 64 anos de sacerdócio. Eu vi a diocese nascer e crescer.
Como o senhor disse, “viu a diocese nascer e crescer” e agora estamos celebrando o Jubileu de Brilhante. O que significa participar deste momento também histórico?
Sem dúvida alguma, é um momento de grande emoção. Emoção pela concretização do desejo do Papa Pio XII que criou a Diocese, para que esta região crescesse espiritualmente. A gente divide para crescer e foi isso que aconteceu. A diocese era pequenina, quando da sua criação, mas hoje é pujante e evangelizadora.
O senhor também atuou como Vigário Geral e Administrador Diocesano?
Sim. Exerci o ofício de Vigário Geral da diocese por 33 anos. Em 1969, fui nomeado por Dom Ernesto, embora eu me considerasse jovem demais para o cargo. Permaneci neste ofício com a chegada de Dom Aníger e também com Dom Eduardo. Para a função de Administrador Diocesano fui nomeado, em junho de 2004, pelo Colégio de Consultores, devido a transferência de Dom Moacyr José Vitti para a Arquidiocese de Curitiba. Permaneci na função por 13 meses e fui o primeiro a receber o comunicado da Nunciatura Apostólica sobre a nomeação de Dom Fernando Mason. Coube a mim recebê-lo e dar-lhe as boas-vindas, em nome da diocese.
O senhor conviveu com todos os bispos diocesanos. Como foi conhecer o trabalho de cada um de nossos pastores?
Tenho admiração pelo trabalho realizado por cada um deles. Todos se empenharam pelo crescimento espiritual e engrandecimento da nossa diocese. Basta observarmos quantas paróquias foram criadas, desde o início da diocese, e quantos padres ordenados. Dom Ernesto construiu o primeiro seminário em Piracicaba, depois Dom Eduardo instalou o seminário em Santa Bárbara d’Oeste e também em Campinas e Dom Fernando construiu um novo seminário próximo à PUC (Pontifícia Universidade Católica), que é uma joia de nossa diocese.
Neste momento Jubilar da Diocese, qual sua mensagem para os fiéis da Igreja diocesana?
Meu desejo é que a Diocese de Piracicaba continue a florescer. Nosso Senhor disse que “a messe é grande e os operários são poucos”. Então, continuemos a rezar para termos bons operários e, assim, mesmo ela já sendo adulta, que continue a florescer para maior glória de Deus e salvação de todos os seus filhos.