Pároco da Paróquia Santa Cruz e São Dimas desde fevereiro de 2014, padre Claudemir Aparecido da Rocha celebrará 20 anos de sacerdócio em 2015. Na diocese já exerceu seu ministério nas Paróquias São Sebastião, em Santa Bárbara D’Oeste e Nossa Senhora Aparecida, em Piracicaba, além de colaborar como vigário-paroquial da Paróquia Santo Antônio. Atualmente é animador do Movimento de Schöenstatt (Mãe Rainha).
Em 2013, quando cursava mestrado em Teologia Moral na Accademia Alfonsiana, ligada à Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma, vivenciou um momento histórico da Igreja, a renúncia do papa Bento XVI e a eleição do primeiro papa latino-americano, Francisco. Em entrevista ao “Em Foco”, fala da sua vocação e recorda os dias vivendo em Roma, em 2013.
Em Foco - Quando foi que o sr. sentiu o chamado vocacional para o sacerdócio?
Pe. Claudemir - O monsenhor Luiz Gonzaga Juliani sempre queria fazer orientação vocacional na Paróquia São José, a qual eu pertencia. Parecia uma insistência que me fez afastar de lá, pois, pensava em estudar, ter uma profissão e nada de ser padre. Fiz a 1ª Eucaristia e Crisma em outra paróquia. Quando um primo foi para o seminário, até que deu uma vontade, mas, as despesas eram altas, então desisti da ideia. Continuei meus estudos, fiz um curso no Senai e Técnico de Contabilidade à noite e também fui trabalhar na Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba). Resolvi prestar vestibular para Engenharia de Produção Mecânica e, após três anos de estudos, comecei a ficar em dúvida em relação ao futuro. Nesta época, fui num encontro de jovens no Santuário da Mãe Rainha e isso me deixou mais inquieto. Com a ajuda de um diretor espiritual tive a certeza de que devia deixar tudo e pensar numa outra proposta de vida que Deus me fazia. A partir do momento que se abre os ouvidos para Deus e passa a escutar apenas a sua voz, tudo fica mais fácil. Eram muitas vozes que me sufocavam e pude perceber que Deus sempre mostrou o caminho que devia seguir, o caminho que me falava através do monsenhor Juliani. E hoje, são quase 20 anos de padre.
Como foi sua caminhada como seminarista?
Não foi muito fácil sair do mundo dos números para o mundo das letras, deixar a calculadora de lado e colocar a Bíblia no lugar. Comecei meus estudos com os padres de Schöenstatt, na cidade do Rio de Janeiro e terminei a filosofia no seminário da arquidiocese, local muito conhecido por dom Eduardo Koaik (in memorian), que era amigo do reitor José Maria. Ao terminar a filosofia e após uma conversa com monsenhor Juliani e também com dom Eduardo, voltei para a diocese e fiz a teologia na PUC-Campinas. Neste período fiz pastoral em Piracicaba, na Paróquia São José no primeiro ano e no terceiro ano na Paróquia Sant’Ana, com o padre Adalton, onde recebi meus ministérios e fui ordenado diácono. O segundo ano foi em Capivari, na Paróquia São Benedito com o padre Carlos Dóllo e no último ano na Paróquia Imaculada Conceição, juntamente com o então seminarista, hoje padre Reinaldo, ajudando o Padre Victório nos casamentos e batizados. Depois disso, voltei para a Paróquia São José para preparar a ordenação presbiteral, que aconteceu no dia 10 de dezembro de 1995.
Durante o período que esteve em Roma, o sr. vivenciou dois momentos históricos da Igreja, a renúncia de Bento XVI e a eleição do Papa Francisco. Como foi viver esta experiência única?
Foram momentos marcantes, com muitas perguntas, diferentes interpretações, comparações entre João Paulo II que ficou até o fim e a renúncia de Bento XVI. A minha admiração pelo Papa Bento aumentou, pois, na sua simplicidade, reconheceu a grandiosidade da missão que tinha sido confiada a ele e que, naquele momento, não tinha mais forças para continuar. Um exemplo para todos, pois, é mais honroso reconhecer que “não posso” do que continuar sem forças. A chegada do Papa Francisco foi um diferencial muito forte. A expectativa de cada fumaça era muito especial, pois, estar na Praça São Pedro, olhar a chaminé e, depois de cada “aaah”, voltar para casa, eram momentos especiais. Os relógios pareciam marcar apenas as horas determinadas para a saída da fumaça. Tudo acontecia antes ou depois. Aquele dia da eleição parecia ter sido anunciado por Deus: “É hoje!”. Um silêncio foi invadindo a praça e, de repente, o Pentecostes tomou conta. Nas diversas línguas, a cor da fumaça podia ser compreendida e as pessoas foram esquecendo da chuva, fechando o guarda-chuva para se aproximarem ainda mais das escadarias da Basílica. Aos poucos, todas as línguas deram espaço para o “Habemus Papam”, agradecendo a Deus pela vida do Papa Francisco que, antes de abençoar o povo, pediu as orações por ele.
Qual sua mensagem para os leitores do Em Foco?
Nunca desista dos seus sonhos. Confie em Deus e em você! Nunca desista de ser Igreja de Jesus Cristo. Muitas vezes, as situações podem parecer difíceis, mas, com a confiança em Deus, tudo será resolvido.