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Ano Missionário (5): O sentido do Sagrado

Publicado em 15 de março de 2023 - 15:48:05

A construção de templos ou de lugares sagrados nas cidades ou nas pequenas povoações sempre aconteceu, desde a antiguidade. Escavações arqueológicas e estudos sobre a formação das cidades comprovam isso. O motivo é que o homem religioso tem o desejo de colocar toda a sua vida sob a proteção da divindade, sua família, seus bens e seus meios de sustentação. Em torno do lugar sagrado a vida urbana se desenvolvia e florescia. Foi assim durante séculos, num tempo em que o sagrado envolvia tudo ao redor da vida do homem. O cristianismo também está incluído nesse contexto.

A palavra de Jesus e seus discípulos se espalharam pelas cidades da Galileia e por todo o mundo romano. Mais tarde, a Igreja liderada pelos Apóstolos e seus sucessores, dando continuidade à missão recebida de Jesus, se espalhou por todo mundo. A princípio a Igreja enfrentou a perseguição e cresceu de forma clandestina, o sangue dos mártires era semente de novos cristãos. Posteriormente, o cristianismo e a Igreja foram aceitos, assumindo um papel socialmente relevante e seu crescimento acompanhou o desenvolvimento das cidades e a descoberta de novas terras e povos.

A evangelização das novas terras foi levada adiante por um grande número de homens e mulheres, que também construíram pequenas e grandes igrejas, além de obras sociais de diversos tipos, como orfanatos, santas casas e asilos. A vida urbana e os pequenos povoados cresciam tendo ao centro a vida religiosa, com seus costumes, suas festividades e padroeiros. Dessa forma, podemos compreender um pouco do processo de colonização e evangelização do nosso país. 

Porém, à medida em que as transformações socioculturais foram avançando, elas passaram a influenciar e a interferir, de outra maneira, no desenvolvimento da vida urbana e nos hábitos das pessoas. Se antes o sagrado ocupava uma centralidade na vida social, agora essa centralidade é ocupada pela autonomia e pela liberdade do sujeito, pela razão científica e tecnológica, pela lógica do mercado e da economia. As cidades e a vida social têm agora novas estruturas e geram novos comportamentos. Essa mudança comportamental pode ser vista de forma muito clara na edificação das igrejas e na sua influência.

É cada vez mais comum que, no processo de construção de uma igreja, ela tenha que disputar espaço com outras construções ao lado. As torres, quando existem, são menores que outras edificações e os sinos tem que obedecer a legislação do silêncio. A compra de terrenos é dificultada pelo preço do metro quadrado, o que leva à construção de igrejas menores e em locais menos acessíveis. Todos esses fatores levam a uma menor percepção da presença da Igreja. Quanto mais distantes as pessoas moram de uma igreja, menor a vinculação religiosa.

O processo que vai da centralidade do sagrado até a sua relativização é o que podemos chamar de dessacralização ou perda do sentido do sagrado no contexto urbano atual. Esse processo é um dos grandes desafios para a Pastoral Urbana, que deve encontrar caminhos para continuar a evangelizar. O Evangelho tem sua força na ação do Espírito e no testemunho dos discípulos, ainda que as igrejas sejam poucas e pequenas, os discípulos são muitos. E onde eles estão, aí está a Igreja. Dessa forma, a vida dos discípulos de Cristo deve se tornar a semente de novos cristãos.

Dom Devair Araújo da Fonseca
Bispo de Piracicaba

 

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