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Encíclica Fratelli Tutti – segunda parte

Publicado em 3 de novembro de 2022 - 15:47:50

Na encíclica Fratelli Tutti, escrita pelo Papa Francisco em 2020 e lançada diante do túmulo de São Francisco, em Assis, o santo que o inspirou a escrever este documento, o Papa questiona o significado das palavras democracia, liberdade, justiça e unidade. Ele diz que estas palavras foram “manipuladas e desfiguradas para serem utilizadas como instrumentos de domínio, como títulos vazios de conteúdo que podem servir para justificar qualquer ação” (nº 14). Com isso, segundo o Papa, se dissolve a consciência histórica, o pensamento crítico e o empenho pela justiça.

O Papa afirma que a “melhor maneira de dominar e avançar sem entraves é semear o desânimo e despertar uma desconfiança constante, mesmo disfarçada por trás da defesa de alguns valores. Usa-se, hoje, em muitos países, o mecanismo político de exasperar, exacerbar e polarizar. Com várias modalidades, nega-se a outros o direito de existir e pensar e, para isso, recorre-se à estratégia de ridicularizá-los, insinuar suspeitas sobre eles e reprimi-los. Não se acolhe a sua parte da verdade, os seus valores e, assim, a sociedade se empobrece e acaba reduzida à prepotência do mais forte” (nº 15).

Papa Francisco apela para que cuidemos do mundo que nos rodeia e nos sustenta e mostra a realidade na qual frequentemente “as vozes que se levantam em defesa do meio ambiente são silenciadas ou ridicularizadas, disfarçado de racionalidade o que não passa de interesses particulares. Nessa cultura que estamos desenvolvendo, vazia, fixada no imediato e sem um projeto comum, ‘é possível que, perante o esgotamento de alguns recursos, se vá criando um cenário favorável para novas guerras, disfarçadas sob nobres reinvindicações’” (Laudato Si´, nº 57) (nº 17).

Para o Papa a falta de filhos provoca envelhecimento da população e o abandono dos idosos leva a uma dolorosa solidão. “Assim, ‘objetos de descarte não são apenas os alimentos ou os bens supérfluos, mas muitas vezes os próprios seres humanos’”, como ele falou no Discurso ao Corpo Diplomático acreditado junto da Santa Sé, em 13 de janeiro de 2014 (nº 19). Papa Francisco disse ainda que “isolar os idosos e abandoná-los à responsabilidade de outros, sem um acompanhamento familiar adequado e amoroso, mutila e empobrece a própria família” (nº 19).

A encíclica ensina que no “mundo atual, esmorecem os sentimentos de pertença à mesma humanidade; e o sonho de construirmos juntos a justiça e a paz parece uma utopia de outros tempos. Vemos como reina uma indiferença acomodada, fria e globalizada, filha de uma profunda desilusão que se esconde por trás dessa ilusão enganadora: considerar que podemos ser onipotentes e esquecer que nos encontramos todos no mesmo barco” (nº 30). Doutro lado, é “verdade que uma tragédia global como a pandemia da Covid-19 despertou, por algum tempo, a consciência de sermos uma comunidade mundial...” (nº 32).

Fratelli Tutti mostra que "alimentamo-nos com sonhos de esplendor e grandeza, e acabamos por comer distração, fechamento e solidão; empanturramo-nos de conexões e perdemos o gosto da fraternidade. Buscamos o resultado rápido e seguro, e nos encontramos oprimidos pela impaciência e a ansiedade. Prisioneiros da virtualidade, perdemos o gosto e o sabor da realidade". A tribulação, a incerteza, o medo e a consciência dos próprios limites, que a pandemia despertou, fazem ressoar o apelo a repensar os nossos estilos de vida, as nossas relações, a organização das nossas sociedades , sobretudo, o sentido da nossa existência” (p. 33).

Pe. Antônio Carlos D´Elboux – acdelboux@uol.com.br
Pároco da Paróquia Imaculado Coração de Maria
Rio Claro

REFERÊNCIA
FRANCISCO, Papa. Fratelli Tutti. Carta encíclica sobre a fraternidade e a amizade social. São Paulo: Paulus, 2020.
 
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