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O trabalho na Doutrina Social da Igreja – parte 1

Publicado em 14 de outubro de 2021 - 14:01:07

Deus confiou ao primeiro casal humano “a tarefa de submeter a terra e de dominar sobre todo ser vivente (cf. Gn 1,28). Todavia, o domínio do homem sobre os demais seres viventes não deve ser despótico e destituído de bom senso; pelo contrário, ele deve ‘cultivar e guardar’ (cf. Gn ,15) os bens criados por Deus: bens que o homem não criou, mas os recebeu como um dom precioso posto pelo Criador sob a sua responsabilidade" (p.155). As realidades criadas existem em função do homem e da mulher. A proibição de comerem da árvore do conhecimento lhes recorda que eles são criaturas.

O repouso sabático “mais que para permitir a participação no culto de Deus, foi instituído em defesa do pobre; tem também uma função liberatória das degenerações antissociais do trabalho humano" (p.156). O próprio Jesus “ensina aos homens a não se deixarem escravizar pelo trabalho” (p.157). Ele mesmo “se tornou semelhante a nós em tudo, passando a maior parte dos anos da vida sobre a terra junto de um banco de carpinteiro” (p.157). Também nenhum cristão “deve sentir-se no direito de não trabalhar e de viver à custa dos outros” (cf. 2Ts 3,6-12) (p.159). Todos precisam praticar uma solidariedade com os necessitados.

O cristão “é chamado a trabalhar não só para conseguir o pão, mas também por solicitude para com o próximo mais pobre, ao qual o Senhor ordena dar de comer, de beber, de vestir, acolhimento, atenção e companhia” (p.159). O trabalho em sentido objetivo “é o conjunto de atividade, recursos, instrumentos e técnicas de que o homem se serve para produzir, para dominar a terra, segundo as palavras do livro do Gênesis” (p.161). O trabalho em sentido subjetivo “é o agir do homem enquanto ser dinâmico, capaz de levar a cabo várias ações que pertencem ao processo do trabalho e que correspondem à sua vocação pessoal (pp.161-162).

O trabalho “não somente procede da pessoa, mas é também essencialmente ordenado a ela e a tem por finalidade. Independentemente do seu conteúdo objetivo, o trabalho deve ser orientado para o sujeito que o realiza, pois a finalidade do trabalho, de qualquer trabalho, permanece sempre o homem” (p.163). O homem é um ser social. O trabalho de um homem está unido ao de outros homens, como afirma João Paulo II, na Centesimus annus, 31: “hoje mais do que nunca, trabalhar é um trabalhar com os outros e um trabalhar para os outros: torna-se cada vez mais um fazer qualquer coisa para alguém”.

O trabalho é prioritário em relação ao capital. O homem vale mais que as coisas. “Entre capital e trabalho deve haver complementaridade: é a mesma lógica intrínseca ao processo produtivo a mostrar a necessidade da sua recíproca compenetração e a urgência de dar a vida a sistemas econômicos nos quais a antinomia entre trabalho e capital seja superada” (p.165). Os conflitos e os progressos dessa relação têm aspectos novos e preocupantes pois "expõem os trabalhadores ao risco de serem explorados pelas engrenagens da economia e pela busca desenfreada de produtividade” (p.166).

A relação entre trabalho e capital ainda pode se expressar “através da participação dos trabalhadores na propriedade, na gestão e nos seus frutos. É esta uma exigência descurada com expressiva frequência, que, pelo contrário, deve ser valorizada ao máximo” (p.166). Os homens, criados à imagem e semelhança de Deus, “devem gozar de suficiente repouso e tempo livre que lhes permita cuidar da vida familiar, cultural, social e religiosa” (p.168). As autoridades públicas devem “vigiar para que não se subtraia aos cidadãos, por motivos de produtividade econômica, o tempo destinado ao repouso e ao culto divino” (p.169).

Pe. Antônio Carlos D´Elboux – acdelboux@uol.com.br
Pároco da Paróquia Imaculado Coração de Maria
Rio Claro

REFERÊNCIA
PONTIFÍCIO CONSELHO “JUSTIÇA E PAZ”. Compêndio da Doutrina Social da Igreja. São Paulo: Paulinas, 2005.

 

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