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A família, como vai?

Publicado em 18 de agosto de 2021 - 10:39:03

O núcleo familiar sempre foi elemento fundamental para a sociedade. Em diferentes partes do mundo, a família assumiu dinâmicas diversas, mas, em geral, baseou-se em relacionamentos monogâmicos ou poligâmicos, de linha patriarcal ou matriarcal. A família era a grande responsável pela geração dos filhos e pela transmissão da cultura e dos valores. Fazer retratos da família era uma prática muito popular e, em algumas casas, ainda hoje encontramos quadros antigos com cenas familiares, do pai e da mãe rodeados pelos filhos. Famílias numerosas não eram raras porque a prole garantia a continuidade da descendência e também porque esperava-se que os filhos se tornassem colaboradores e participantes na busca pela prosperidade familiar.

A partir da segunda metade do século passado, teve início uma série mudanças sociais e comportamentais que influenciaram diretamente a família. Homens e mulheres passaram a dividir postos de trabalho fora do ambiente doméstico. O uso de métodos contraceptivos causou impactos na geração de filhos. Inúmeras perspectivas sobre igualdade e direitos ganharam força e espaço. Temas como sexo, divórcio, política, guerra e paz se tornaram frequentes nas músicas e em outras manifestações culturais, passando a influenciar as gerações mais jovens. Aos poucos, tudo isso começou a “rivalizar” com a família na formação das consciências e na transmissão dos valores. 

A mudança de hábitos e costumes alterou o entendimento das pessoas sobre a estrutura familiar e também modificou a forma da sociedade civil legislar sobre a família. Passou-se a discutir quais termos seriam mais apropriados e inclusivos, rejeitando a indicação tradicional de pai e mãe, por exemplo. Outra mudança foi o surgimento de famílias mistas, formadas a partir de uma outra união, com filhos de primeiro e segundo casamentos. Famílias de mães ou pais solteiros também são realidade e, mais recentemente, surgiram as famílias formadas a partir da união de pessoas do mesmo sexo. Questões legais como a adoção de crianças por uma única pessoa ou a chamada “barriga solidária” são, ainda, outros exemplos das mudanças nas questões ditas familiares.

Embora a realidade sociocultural tenha sofrido muitas mudanças, a Igreja tem uma doutrina clara sobre a constituição familiar e sua finalidade dentro do plano de Deus. O Catecismo da Igreja Católica afirma, no número 2202, que: “Um homem e uma mulher unidos em casamento formam com seus filhos uma família. Esta disposição precede todo reconhecimento por parte da autoridade pública; impõe-se a ela (isto é, não depende da autoridade civil para se constituir) e deve ser considerada como a referência normal, em função da qual devem ser avaliadas as diversas formas de parentesco.” Para a Igreja, a família não é uma realidade sujeita a interpretações, ela é um dado natural da revelação de Deus.

Isso não significa dizer que a Igreja tem uma posição fechada e excludente. Ao contrário, ela abre espaço para o diálogo e a acolhida das pessoas. Diz o Papa Francisco: “Hoje, a mudança antropológico-cultural influencia todos os aspectos da vida e requer uma abordagem analítica e diversificada” (Amoris laetitia, 32). Mas isso não pode significar colocar em risco a doutrina sobre a família. “Como cristãos, não podemos renunciar a propor o matrimônio, para não contradizer a sensibilidade atual, para estar na moda, ou por sentimentos de inferioridade face ao descalabro moral e humano; estaríamos privando o mundo dos valores que podemos e devemos oferecer" (Amoris laetitia, 35).

Dialogar com a diversidade cultural e social do mundo, inclusive aquelas em torno da família, significa assumir em primeiro lugar, com convicção, a própria identidade cristã. A família é uma criação do próprio Deus, ordenada para o bem dos esposos e para a geração e educação dos filhos. Ela é fundamental para o bem-estar da sociedade e por isso deve ser defendida na sua naturalidade. No caminho do diálogo é necessário acolher as pessoas e as famílias, para compreender suas alegrias, dores e feridas, sem julgamento. O exercício da fé nunca foi e nem nunca será uma tarefa fácil, mas sim exigente. É preciso defender a verdade da Palavra Deus sobre a família, sem perder a ternura da acolhida. Essa é uma missão que não podemos desconsiderar.

Dom Devair Araújo da Fonseca
Bispo de Piracicaba

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