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A refeição mais importante

Publicado em 2 de junho de 2025 - 10:09:33

O café da manhã é apontado por especialistas em nutrição como a refeição mais importante do dia. É esse momento que rompe o jejum noturno, desperta o corpo, equilibra os níveis de energia e contribui para a concentração e o bem-estar. Mas, para além da ciência, há algo profundamente humano nesse gesto de alimentar-se logo ao acordar. Cada cultura carrega seus próprios sabores matinais, seja com frutas e cereais, arroz com peixe ou o nosso clássico “pão na chapa com pingado”. Essa primeira refeição é mais do que uma necessidade: trata-se de um ritual cotidiano que nos prepara para o que virá.

Talvez por isso, nos hotéis, o café da manhã assuma quase um tom de celebração. Não é incomum que hóspedes acordem mais cedo apenas para aproveitar a variedade do buffet. Há uma certa alegria diante da fartura: pães, bolos, ovos, frutas, sucos. O ordinário ganha ares de extraordinário. Mesmo quem, em casa, costuma se contentar com um café puro, ali se permite iniciar o dia com variedade e prazer. Há algo de simbólico nisso: antes de enfrentar as exigências da vida, é saudável sentar-se à mesa, alimentar-se com calma e preparar-se por inteiro.

Na conclusão do Evangelho de João, há uma cena singela e, ao mesmo tempo, profundamente comovente. Jesus ressuscitado prepara pão e peixe para os discípulos que, após uma noite inteira de pesca infrutífera, são surpreendidos por Ele ao amanhecer (Jo 21,1-14). É o primeiro "café da manhã" após a Ressurreição. E é Jesus quem serve. Essa imagem carrega um valor simbólico intenso: o Ressuscitado não apenas se revela, mas continua sendo Aquele que nutre, que cuida, que convida à mesa e que serve. Aquele pão e aquele peixe apontam para algo maior: a Eucaristia, como refeição que sustenta o discípulo em sua missão.

Essa refeição se torna também ocasião de cura para Pedro. Três vezes ele negou Jesus. Três vezes é interpelado: “Tu me amas?” (Jo 21,15). A repetição da pergunta não humilha, mas restaura. Pedro compreende, enfim, que a missão de “apascentar as ovelhas” não nasce da própria valentia, mas da experiência transformadora do amor de Cristo. Aquele homem impulsivo, marcado por seus limites, descobre-se chamado e enviado por um amor que reconstrói.

A Eucaristia que os cristãos celebram até hoje carrega essa mesma força: é alimento e envio. Não se reduz a um rito religioso, tampouco a um símbolo abstrato. É presença real do Ressuscitado, é partilha, é encontro. E, acima de tudo, é compromisso com a vida nova que dela brota. Quem se senta à mesa de Jesus é desafiado a viver com Ele e como Ele: com compaixão, verdade e entrega.

Assim como o café da manhã nos coloca de pé para enfrentar o cotidiano, a Eucaristia nos ergue para a vida com Deus e com os irmãos. É o alimento que dá sentido à missão, restaura as forças e permite recomeçar a cada dia, mesmo quando a noite foi longa e sem pesca. Afinal, como Pedro, só seguimos adiante se for com Ele, por Ele e n’Ele.

Dom Devair Araújo da Fonseca
Bispo de Piracicaba
Anunciantes
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