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Especialista ressalta que educação é condição mais segura na prevenção de abusos contra crianças e adolescentes

Publicado em 29 de novembro de 2021 - 16:45:25

“Para educar uma criança é necessária uma aldeia inteira”, aponta esse provérbio de Uganda que traz para sociedade a reflexão de que a pessoa se desenvolve como ser humano de forma totalitária com valores, atitudes e responsabilidades a partir da comunidade em que vive e se relaciona e não somente a partir dos valores da sua família.

É nesse contexto sobre a educação, que a Terapeuta Ocupacional, especialista em neurociências e comportamento e pós-graduanda em prevenção de abusos em âmbito eclesial na Pontifícia Universidade do México, Fabiane Olívia Ardenghi, vai conduzir sua formação no curso on-line “O Serviço de proteção: as constituições e atribuições”, ofercido pelo Núcleo Lux Mundi.

“Educar e proteger em um contexto de comunidade é a condição mais segura”, ressalta Fabiane.

O curso ocorre esta segunda-feira, 29 de novembro e 14 de dezembro, dividido em dois grupos: um compreendendo Norte e Nordeste e outro Centro-Oeste, Sudeste e Sul e é destinada aos membros dos Conselhos Diocesanos de Proteção à Crianças e Adolescentes, como também para delegados das respectivas dioceses.

“A ação educativa não é tanto tarefa de uma única pessoa (professor, catequista, pais), é essencialmente uma tarefa comunitária. O grande desafio de todo educador hoje é fazer com que cada pessoa desenvolva seu potencial máximo, que se sinta única em sua forma de ser, sentir e habitar o mundo. E ao mesmo tempo se sinta incluída em um grupo, em uma série de relações que permitam sua realização”, ressalta Fabiane.

Em entrevista ao Portal da CNBB, a especialista em neurociências e comportamento aponta que o ser humano não nasceu isolado, nasceu para viver em relação. “As relações afetivas que temos em nossas famílias, com amigos, professores e colegas nos alimentam e aos poucos transformam nossas vidas. A ‘pessoa em relação’ capaz de amar e ser amada é o paradigma que inspira nossa ação educativa”, afirma.

Fabiane destaca ainda que para que os ambientes dentro da Igreja sejam “seguros”, é necessário que haja uma formação transversal que abranja todo o povo de Deus: catequistas, agentes de pastorais, seminaristas, clero, consagrados e consagradas, leigos.

“Porque os adultos a quem se confia um grupo de crianças ou adolescentes devem ser pessoas dotadas de certas competências relacionais e possuir algumas ferramentas didáticas que lhes permitam saber gerir o grupo e fazer com que as crianças cresçam em contextos seguros”, diz.

O Núcleo Lux Mundi – trabalho da Igreja na proteção de crianças, adolescentes e vulneráveis é uma parceria da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB).

Confira a entrevista na íntegra:

Qual a importância do desse serviço de proteção da criança e do adolescente no âmbito das instituições religiosas?

Partindo do conceito que as Instituições religiosas, são entidades que propiciam, aos interessados, a prática do culto e da fé, ora, os “interessados” também são crianças, adolescentes e pessoas vulneráveis, portanto, como se faz para dizer que se está proporcionando a estas pessoas um ambiente seguro para a prática do culto e da fé?


Eu parto de um famoso provérbio de Uganda diz: “Para educar uma criança é necessária uma aldeia inteira”… e no nosso caso, podemos dizer que para proteger uma criança no âmbito eclesial também é necessária a formação e a atuação neste sentido do inteiro povo de Deus.


Com esse provérbio podemos também entender o apelo do papa quando fala do Pacto Educativo Global[1], onde chama a atenção para a importância da educação, apontando como um dos caminhos mais seguros para a humanização do mundo e da história e convoca a todos a assumirem uma postura corresponsável nessa construção, todos, portanto.

 

Como esse curso pode ajudar as pessoas que vão atuar diretamente na proteção da criança e do adolescente?

Para que os nossos ambientes dentro da Igreja sejam “seguros”, acredito na necessidade de uma formação transversal que abranja todo o povo de Deus: catequistas, agentes de pastorais, seminaristas, clero, consagrados e consagradas, leigos…

E justamente neste curso, em uma das aulas se pretende apontar alguns princípios pedagógicos e critérios práticos para a promoção do bem-estar integral de crianças e adolescentes. Porque os adultos a quem se confia um grupo de crianças ou adolescentes devem ser pessoas dotadas de certas competências relacionais e possuir algumas ferramentas didáticas que lhes permitam saber gerir o grupo e fazer com que as crianças cresçam em contextos seguros.

 

Qual a importância da educação e como ela pode ser aliada nesses casos?

A ação educativa não é tanto tarefa de uma única pessoa (professor, catequista, pais), é essencialmente uma tarefa comunitária. O grande desafio de todo educador hoje é fazer com que cada pessoa desenvolva seu potencial máximo, que se sinta única em sua forma de ser, sentir e habitar o mundo. E ao mesmo tempo se sinta incluída em um grupo, em uma série de relações que permitam sua realização.

O ser humano não nasceu isolado, nasceu para viver em relação. As relações afetivas que temos em nossas famílias, com amigos, professores e colegas nos alimentam e aos poucos transformam nossas vidas. A “pessoa em relação” capaz de amar e ser amada é o paradigma que inspira nossa ação educativa.

Segundo a literatura internacional, cada criança cresce em um ontossistema onde existe uma dimensão de risco e vulnerabilidade, mas também de proteção e competência que influencia seu desenvolvimento e ativa a resiliência. A tarefa do educador é ativar todas aquelas condições ou ambientes positivos capazes de promover o desenvolvimento saudável da criança, reduzindo os efeitos das circunstâncias negativas.  Portanto promover o desenvolvimento saudável e integral da pessoa dentro de uma rede de relações, em uma comunidade protetora.

Uma comunidade protetora, pode ser definida como uma rede de alianças onde cada um se sente responsável por dar sua contribuição como um presente para os outros, onde se constroem laços positivos e respeito recíproco. A família, a escola, a paróquia, a sociedade esportiva, os grupos juvenis são realidades que precisam uns dos outros e trabalham juntos. Desse modo, a comunidade pode realmente ser um recurso fundamental de proteção e um espaço de educação integral porque, como diz Freire: “Ninguém educa ninguém e ninguém se educa sozinho, os homens se educam entre si com a mediação do mundo”.

Texto: CNBB

Foto: Divulgação / CNBB

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