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Pastoral Carcerária: evangelização e promoção da dignidade humana

Outubro/2016 - Edição 104 - Ano X

“Estive preso e viestes me visitar”. No final do capítulo 25 do livro de Mateus, Jesus nos ensina que é preciso vê-lo no irmão fragilizado, abandonado, faminto e encarcerado. E é com este olhar que agentes da Pastoral Carcerária diocesana visitam semanalmente as prisões masculinas e femininas que estão dentro do território da nossa Igreja Particular. São encontros de evangelização e promoção da dignidade humana.

A Pastoral Carcerária busca ir ao encontro daqueles que estão privados de sua liberdade devido a atos que cometeram junto à sociedade. Atualmente a pastoral diocesana é formada por 15 leigos e quatro clérigos, sendo os diáconos Joaquim Donizete de Oliveira e Osvaldo Francisco Silva e os padres Danilo Rubia Soares e Sebastião Luiz de Souza, e tem como objetivo levar a mensagem do Jesus Cristo que ama a todos sem distinção. “O Ano da Misericórdia nos impulsiona ainda mais a levar a mensagem do amor misericordioso do Pai, pois Jesus se colocou na situação de nossos irmãos presos”, lembra o diácono Osvaldo Francisco Silva, coordenador diocesano da Pastoral Carcerária.

Na diocese há cinco presídios, sendo três em Piracicaba e dois em Rio Claro e 2.426 pessoas no cárcere (veja quadro na pág. 7), cumprindo pena por diversos crimes. Atualmente a Pastoral Carcerária está presente em três deles, todos de regime semiaberto: no Centro de Ressocialização Feminino de Piracicaba e nos Centros de Ressocialização Feminino e Masculino de Rio Claro. Nesses locais são celebradas missas, catequese, palestras e atividades culturais.

Já na Penitenciária Masculina e no Centro de Detenção Provisória (CDP), ambos em Piracicaba, a Pastoral Carcerária aguarda o credenciamento dos agentes para iniciar o trabalho de evangelização. Todos os agentes da Pastoral Carcerária têm uma carteira de identificação para entrar nos locais. “Este credenciamento é realizado junto à Secretaria de Administração Penitenciária do Estado de São Paulo”, explica o diácono.

Ao receber o “Em Foco” para uma visita no CR Feminino de Piracicaba, o diretor substituto Márcio José Jacinto da Silva disse que celebrações e encontros realizados pelos agentes da Pastoral Carcerária são fundamentais, principalmente para o convívio social interno. Segundo ele, quando somos privados da liberdade nos tornamos muito carentes e perdemos até mesmo a autoestima. “Muitas detentas não recebem visitas e a presença dos agentes é um conforto, além de mostrar a elas que não estão sozinhas ou abandonadas, que há pessoas que trazem o carinho necessário para atravessar este momento, além de ajudá-las a rever os erros que cometeram”.

Em uma de suas catequeses, Papa Francisco nos lembra que “não há uma pessoa irrecuperável, ninguém é irrecuperável! Porque Deus jamais deixa de querer o nosso bem, inclusive quando pecamos”. Então, se você deseja evangelizar, a Pastoral Carcerária precisa de você! Pois no final do capítulo 25 de Mateus Jesus lembra “cada vez que deixastes de fazê-lo a um desses mais pequeninos foi a mim que o deixastes de fazer” (v.45).

 

“Nada do que fiz valeu a pena, quero recomeçar”

 

Assim começou nossa conversa com uma mulher de 45 anos, que chamaremos de Beatriz. Viúva e mãe de quatro filhos, ela cumpre pena por roubo. Para pagar as dívidas que o marido tinha com traficantes começou a roubar carros em sua cidade de origem. Não demorou para ser presa e condenada. Cumpriu dois anos e quatro meses em regime fechado e há seis meses foi transferida para o regi-me semiaberto, devido ao bom comportamento.

Ela conta que seu marido à época também foi preso, mas não por roubo, e sim por uso de entorpecente, e por ser considerado um crime menor, logo ganhou a liberdade. Uma semana após estar livre, foi arrumar o telhado da casa, se desequilibrou, caiu e com a queda teve traumatismo craniano. Após 13 dias internado, não resistiu e faleceu. “Estou aqui por ele e não pude ir ao seu enterro”, disse.

Católica, Beatriz conta que a presença dos agentes traz paz, amor, carinho e participar das missas, recebendo Cristo vivo na comunhão é ter paz. “Sinto-me muito feliz quando comungo”.

Beatriz deve cumprir o restante da pena até março de 2017, quando ganhará a liberdade e voltar para a família. “Quero reconstruir minha vida, voltar a trabalhar, viver honestamente e ficar junto dos meus filhos”.

Já a jovem de 25 anos, que vamos chamar de Liliane, após cumprir parte da pena do regime fechado, chegou ao semiaberto há um mês. Presa por tráfico de drogas e associação ao tráfico foi condenada a oito anos de detenção. Mãe de cinco filhos, ela conta que se envolveu com o tráfico quando se apaixonou por um homem ligado ao crime. Quando ele foi preso, ficou sozinha e com quatro filhos para criar, começou a traficar.

Ao ser presa estava grávida, mas não sabia. Seu filho caçula nasceu no cárcere e hoje está com dois anos e meio. “Ter um filho na cadeia é muito triste. Ele ficou comigo seis meses para amamentação e depois entreguei para minha mãe criá-lo. Foi desesperadora a separação e passei a dar muito valor à vida”.

Liliane conta que nunca deu muito valor aos conselhos de que estava indo para o rumo errado. Hoje sabe que deve trilhar um novo caminho. “Sei do sofrimento de minha mãe para cuidar dos meus filhos. Ela nunca me abandonou. Quero logo estar perto dela e dos meus filhos e recomeçar minha vida”.

Ela conta que desde que foi presa sempre contou com a presença dos agentes da Pastoral Carcerária para aconselhá-la. “Foi com a pastoral que enxerguei que Jesus é minha vida. Nunca fui de frequentar a Igreja, mesmo minha mãe sendo católica, mas foi na cadeia que apreendi como é bom ter paz no coração, vontade de viver diferente e construir uma nova história”.

Liliane deve cumprir pena até o final de 2017 e só depois ganhará liberdade definitiva. “Quando sair quero cuidar dos meus filhos e de minha mãe, trabalhar e viver minha vida dignamente”.

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